(Texto sensacional da comportamentalista canina Cláudia Estanislau)
A antropomorfização é o fenômeno que nos leva a ver culpa no comportamento dos nossos cães. Esta perspectiva é extremamente prejudicial para um bom entendimento daquilo que os nossos cães nos tentam comunicar e da interpretação que fazemos desses sinais comunicativos.
Um exemplo ocorre quando adquirimos um cachorro pela primeira vez. Por norma, a maioria das pessoas vai buscar o cão no fim-de-semana para ter tempo para dedicar ao novo companheiro. Passados os primeiros dias de atenção constante, o cão é deixado em casa sozinho por um período entre sete e nove horas. Isso é difícil para o cachorro, que não entende o porquê de estar só. Durante esse tempo, ele vai tentar encontrar algo com que se distrair e, normalmente, acabar por descobrir o ambiente que o rodeia através da boca e dos dentes, roendo e explorando. Durante o dia, também terá necessidade de ir ao banheiro e vai escolher sempre os locais que mais se assemelham a um banheiro canino natural (o mato), como os tapetes.
Quando o tutor chega finalmente a casa, o cachorro corre para a porta, feliz por reaver a sua família. O tutor, por sua vez, da porta de casa, observa o espetáculo medonho que o espera: de tapetes com xixi, fezes por todo o lado, móveis roídos. Imediatamente começam os castigos e reprimendas. Desde fechar o cachorro na área de serviço (após já ter passado nove horas sozinho), dar uma palmada ou agarrar o cachaço, a gritar, entre outros. No dia seguinte, o cenário repete-se. O cão é deixado só, volta a ter os mesmos comportamentos e o tutor volta a chegar a casa e a puni-lo pelo seu “mau comportamento”. Ao terceiro dia deste ciclo, quando o tutor chega a casa, a primeira coisa que vê é o cão cabisbaixo. Muitos escondem-se debaixo de mesas ou sofás, outros oferecem a barriga ao dono, outros urinam. Estes comportamentos são imediatamente interpretados como culpabilidade na antecipação das asneiras que os tutores podem encontrar.
O cão exibe vários sinais de apaziguamento. Você consegue percebê-los? (créditos do vídeo: @catiororeflexivo)

É nesta altura que os tutores afirmam que o cão sabe que fez mal. Ele tem de saber, senão porque é que viria com aquele ar de culpa, quando entra em casa? Porque é que se esconde debaixo da mesa, mesmo quando não fez nada?
O que o cão está a fazer é a oferecer sinais de apaziguamento, ou seja, o cão aprendeu que, quando o tutor entra por aquela porta, há uma enorme probabilidade de existir castigado.
Os sinais de apaziguamento englobam comportamentos como urinar, virar a barriga para o ar, lamber os lábios, caminhar com o corpo rente ao chão, virar ou baixar a cabeça, esconder-se, colocar o rabo entre as pernas. Estes são sinais que os cães enviam para transmitir calma e evitar confrontos. Não significam, de modo nenhum, que ele sabe que fez mal porque, aliás, ele não fez nada mal, apenas se comportou como um cão.
O animal não faz ideia do que fez mal. Se soubesse, bastaria um castigo para aprender a não repetir a façanha, de forma a evitar novos castigos no futuro. Castigar um cão por algo que ele fez há algumas horas é ensinar-lhe que o tutor é imprevisível e associar a punição à sua chegada.
Da próxima vez que levantares o tom de voz ao teu cão e ele se desfizer naquilo que parecem desculpas, pensa bem. O cão apenas está, ao jeito canino, a tentar evitar confrontos. Poupa o teu companheiro a estas situações, que em nada beneficiam a vossa convivência. Foca-te em ensinar-lhe aquilo que pode fazer. Podes restringir os locais aos quais o cão tem acesso em casa quando está só, retirar os tapetes e outros objectos que possam ser alvo dos dentes do animal do chão. Deixa vários brinquedos recheados de ração para ele se ocupar e poder roer saudavelmente. Prepara tudo para que o teu cachorro tenha excelentes oportunidades de fazer aquilo que tu queres.
Acima de tudo, quando chegares a casa, oferece muitos mimos e carinhos ao teu cão. Ele passou um dia inteiro à tua espera e o que mais quer é estar contigo e partilhar a alegria de te ver.
@frenchies.1



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CAMILLI CHAMONE

Pós-graduada em Genética e Biologia Molecular. Foi professora universitária federal de Biologia Celular e Genética. Criou buldogues franceses. Foi membro efetivo do Conselho Disciplinar do Kennel Clube de Belo Horizonte. Foi Diretora da Federação Mineira de Cinofilia. É editora do "Seu Buldogue Francês", o maior blog do mundo sobre buldogues franceses, e de todas as mídias sociais que levam esse nome. É palestrante e consultora sobre bem-estar e comportamento canino. Além disso tudo, é perdida e irremediavelmente apaixonada por frenchies.

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