(Texto de Jackie Turato – mãe humana da Filó)
Filó nos deixou na quarta a noite. No pior dia da minha vida, Filó atropelou um carro… sim, isso mesmo que você leu.
Eu não estava na hora, mas a Khris e Sean me contaram como foi. O carro estava subindo a minha rua, em velocidade normal, ela estava na calçada, próxima ao meu portão e, de repente, correu em direção ao carro e bateu a cabeça. Morreu na hora, segundo o veterinário.
Antes que você me julgue, vou explicar o porquê do meu erro… aliás, pode julgar porque já estou pagando a minha pena. Meu erro vai me atormentar pelo resto da vida e eu não quero que isso aconteça com você.
Filó nunca gostou de passeios e odiava a guia. Seus passeios se resumiam a fazer as necessidades e voltar. Depois que nos mudamos para uma rua calma, começamos a passear com ela, sempre com a coleira com plaquinha de identificação, mas sem a guia porque, aí sim, víamos uma cachorra feliz, que estava começando a curtir o passeio, cheirar graminha… só que Filó nunca foi uma cachorra de correr atrás de carro, de pessoas ou de qualquer outra coisa. Ela era tranquila e só andava na calçada ou do ladinho do meio fio.
Acontece que bicho é imprevisível, bicho tem instinto. A gente humaniza esses pequenos seres e esquece disso tudo. A gente vê que eles estão felizes sem guia e deixa…. Porque o que importa é a felicidade deles, não é mesmo? Mas aí a felicidade deles pode custar a nossa. Porque sempre achamos que nunca vai acontecer com a gente. A gente acha que só vai acontecer com os os outros, mas nós somos os outros dos outros. E acontece sim. A dor é devastadora. Parece não ter fim. Não queira isso pra você.
Por favor, não passe por isso. Não deixe seu bichinho sem coleira e guia. Também não esqueça da plaquinha de identificação, pois ele pode sair correndo e se perder.
Mesmo não tendo forças, precisava escrever esse apelo para evitar que a mesma coisa aconteça com outros bichinhos.
Filó
