Quando publiquei o texto Invertendo Papéis, alguém fez a seguinte pergunta nos comentários:
Anônimo disse… Na sua opiniao, O QUE É tratar um cão como humano?
Esta pergunta me fez refletir como as pessoas, apesar de bem intencionadas, podem estar equivocadas em suas relações com seus cães.
Não raro, esperam que seus cães comportem-se como amiguinhos (humanos) quando estão matilhados na pracinha, como irmãos (humanos) quando há 02 (dois) ou mais cães em casa, que compartilhem o alimento, que não briguem entre si e que sejam sempre gentis – curiosamente, quando nem mesmo os humanos fazem isso!
Por isso vi que não basta sugerir às pessoas para tratarem seus cães como cães, quando elas não sabem como é o comportamento natural de um cão!
O texto de hojé é apenas uma breve introdução a um extenso assunto.
Quem deseja ter um cão emocionalmente equilibrado deve lembrar que aquela coisinha adorável, de quatro patas, que faz au-au NÃO é um pequeno homo sapiens sapiens. Cães pertencem à espécie canis lupus familiares.
Para lidar com cães é importante lembrar um importante ensinamento de Cesar Millan:
Antes de priorizar as necessidades individuais do seu cachorrinho, lembre-se que ele é um cão e priorize as necessidades do cão. Depois, priorize as necessidades da raça do seu cão. Quando essas necessidades estiverem supridas, cuide das necessidades particulares do seu adorável cachorrinho. EXATAMENTE NESTA ORDEM.
Agradeço imensamente à querida comportamentalista canina Fúlvia Andrade que atendeu prontamente ao pedido de escrever um texto sobre este assunto comigo. Entretanto, o texto abaixo é 100% dela! Recebi-o pronto e nem ousei mexê-lo, afinal ela abordou tudo que eu gostaria de falar, mas nunca seria capaz de me expressar tão bem. Muito obrigada, Fúlvia!
Recomendo muitooooooo a leitura do livro “Cães são de Marte, Donos são de Vênus“, de Patrícia B. McConnel para quem quer melhorar sua comunicação com seu cão. Comecei a ler “A cabeça do cachorro”, de Alexandra Horowitz e recomendo também
O grande problema dos cães são as pessoas. Não acredito que cães tenham problemas comportamentais devido a maus tratos ou negligência. Não, isso é a minoria! Muitas pessoas gostam muito de seus cães, é verdade, mas pecam ao tratá-los como humanos verticalmente reduzidos, peludos e com um rabo que abana. Em outras palavras, mimam seus cães.
Cães que são tratados como humanos, mimados, tem alguns comportamentos em comum:
– não são sociáveis com outros cães;
– não são sociáveis com estranhos;
– alguns avançam nos próprios humanos de estimação;
– são gordinhos;
– não sabem se comportar na guia (a bem da verdade, mal passeiam com seus donos);
– latem bastante;
– e a lista continua.
Tudo bem, mas, o que caracteriza uma pessoa que trata seu cão como gente? É colocar roupas? É conversar com ele? É falar que ele é seu filho? Não. Nada disso. Você pode colocar roupas no seu cão, pode conversar com ele e dizer que é seu filho (EU faço isso com a Suzie), mas você deve entender que mesmo assim, ele é um cachorro. Pessoas que tratam seus cães como gente normalmente tem alguns comportamentos em comum:
– acham que educar os cães é torná-los seres sem vontade própria, então, os mimam e deixam o cão fazer o que quiser;
– não resistem ao olhar pidão e enchem o pobre de comidas humanas não saudáveis (entenderam o motivo dos cães serem gordinhos?);
– são levadas para passear pelos cães, então desistem de passear;
– enchem o cão de brinquedos, de carinhos e mimos, mas não oferecem o que o cão precisa: exercícios e boas maneiras;
– acham que os cães têm problema para andar, pois vivem com ele no colo (claro, estou falando de cães pequenininhos);
– quando vão dar bronca, dizem em uma voz suave e doce “não faça isso, cãozinho, a mamãe já falou que me morder é feio…” seguidos de muitos carinhos e petiscos;
– e a lista continua.
Coloque-se na situação do cachorro. O que os cães fazem de melhor? Trabalhar! Cães privados de exercícios (leia-se boas caminhadas, brincar de bolinha, fazer agility, flyball ou outro esporte canino) e de aprender as boas maneiras (leia-se aprender o básico como sentar, deitar, andar sem puxar a guia, fazer xixi e coco no lugar certo, não roer móveis, não roubar lixo, atender quando chamado, se portar dentro e fora de casa, etc.) e de carinhos quando fizerem a coisa certa (EXATAMENTE NESTA ORDEM!) serão cães infelizes, estressados e problemáticos.
Cães precisam ter outras necessidades básicas atendidas também, como alimentação, água, abrigo, higiene. Mas não é para sair dando um pedaço de pizza, de bolo de chocolate e pão com manteiga! Deve-se oferecer um alimento compatível com a espécie em questão, ou seja, a canina. Deve-se oferecer alimentos de qualidade para ELE, como eu faço com a Suzie e a Camilli com os Frenchies: uma Alimentação Natural e crua.
Água fresca, nem preciso comentar, né?! Abrigo, acredito que também não, mas, não custa lembrar que os cães gostam sim de deitar sobre algo macio, assim como nós, e serem protegidos das intempéries. Eu, particularmente, acredito ser mais seguro para os cães dormirem dentro de casa, se possível em sua toquinha urbana (crate).
Quanto à higiene, pode-se dizer que devemos sim dar banho em nossos cães, mas não exageradamente como fazem. E nada de perfumes, que podem causar alergias e mascarar o cheiro dos cães (perfume é humanizar o cachorro). Banhos a cada duas ou três semanas podem ser suficientes para cães que se sujem bastante (cães pastores, por exemplo); banhos mensais ou a cada dois meses são o suficiente para outros cães; banhos semestrais são ideais para a maioria das raças. A escovação é excelente auxiliar da limpeza dos pelos caninos. Ah, mas o meu cachorro vai ficar fedido!! Na verdade, não vai: os banhos retiram a gordura da pele que a protege (e ao pelo do cão), tornando-o vulnerável a alergias, coceiras e feridas na pele. O cheiro ruim dos cães provêm da boca: eles se lambem. Se o cão tem doença periodontal, ele vai ficar fedido minutos após o banho. Escove os dentes dos cães, pelo menos 3X na semana; ofereça uma alimentação natural e ossos recreacionais – os dentes dele ficarão limpos e sem cheiro.
Cães não se importam se a coleira que eles usam no pescoço custa 2 mil reais ou 20 reais, se importam com o passeio que terão; cães não se importam se você é rico ou pobre, se importam se você supre as necessidades dele.
Por isso, pensem bem no modo como vocês tratam seus cães. Vocês podem sim dar o melhor para eles, dizer que são seus filhos, colocar roupas etc, mas nunca se esqueçam que somos espécies diferentes, com necessidades diferentes e nós, como responsáveis por eles, devemos suprir as necessidades desses nossos “filhos de quatro patas”, respeitá-los e amá-los como eles são: cães.
Pós-graduada em Genética e Biologia Molecular. Foi professora universitária federal de Biologia Celular e Genética. Criou buldogues franceses. Foi membro efetivo do Conselho Disciplinar do Kennel Clube de Belo Horizonte. Foi Diretora da Federação Mineira de Cinofilia. É editora do "Seu Buldogue Francês", o maior blog do mundo sobre buldogues franceses, e de todas as mídias sociais que levam esse nome. É palestrante e consultora sobre bem-estar e comportamento canino. Além disso tudo, é perdida e irremediavelmente apaixonada por frenchies.
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