(Texto adaptado de Fúlvia Andrade, comportamentalista animal)
Existem diversos fatores que causam estresse em cães e, abaixo, listaremos alguns deles:
• Introdução de um novo animal na casa: alguns cães não aceitam bem quando um novo membro chega, e o motivo para isto podem ser vários: o cão não está acostumado com outros cães ou com outros animais, o cão passou anos sendo filho único e a chegada de um novo animal dentro do ambiente em que vive pode causar medo de ser deixado de lado;
• Chegada de um bebê: a chegada de um bebê na casa traz novidades no ambiente, e entre elas podemos listar choros do bebê, donos agitados, falta de atenção dos donos para o cão, correria dentro do ambiente, dentre outros fatores;
• Ausência de atividades físicas e/ou mentais: o cão, assim como os humanos, sente necessidade de estar ativo física e mentalmente, e a ausência dos mesmos gera tédio, que gera frustração, que gera um quadro de estresse;
• Falta de contato humano: os cães são animais sociais e gostam de estar junto, de sentir nosso toque nos carinhos, de estar presente no dia a dia, e privar o cão até mesmo de entrar na casa o faz se sentir excluído;
• Hotéis caninos: alguns cães não se adaptam bem em ambientes onde existe um grupo de diversos cães de tamanhos e temperamentos variados, e muitas vezes se sentem desconfortáveis e com isso ficam estressados por estarem num ambiente onde não conseguem relaxar;
• Visitas ao veterinário: assim como algumas pessoas que não se sentem confortáveis ao irem no médico ou dentista, os cães se estressam nestes lugares por se sentirem desconfortáveis e assustados, por haver muitos cães no mesmo ambiente latindo (estes mesmos cães já estão estressados), por precisarem passar por procedimentos não agradáveis como vacinas ou exames onde precisem ficar imobilizados. Os cães não sabem quando irá acabar, então ficam ansiosos dentro do ambiente, e quanto mais tempo demora, essa ansiedade vira estresse;
• Barulhos altos: fogos de artifício e trovões são barulhos fortes que causam medo e pânico em cães, o que é perigoso porque leva a um estado de estresse muito alto, podendo causar infarto;
• Crianças: a agitação e a falta de cuidado no manuseio das crianças acabam assustando os cães e por isso eles acabam associando as crianças a uma experiência desagradável. Cães que tiveram experiências ruins ficam estressados quando são apresentados a uma criança, e por conta disso preferem se manter afastados, para evitarem ficar muito estressados.
Agora que já conhecemos alguns fatores que podem causar estresse em nossos cães, é importante sabermos identificar como eles demonstram estar estressados. Estes sinais são emitidos através da linguagem corporal, das vocalizações e do comportamento.
Pela linguagem corporal, eles irão nos dar dicas de estarem estressados através dos chamados sinais apaziguadores (leia este post e este também, que escrevemos sobre o assunto), descritos por Turid Rugaas em seu excelente livro “Calming Signals”. Esses sinais são mudanças sutis na linguagem corporal de nossos cães, muitas vezes ignorados por nós. Dois dos sinais mais comuns são lamber o focinho e bocejar. E, curiosamente, são dois dos sinais que menos entendemos ao observar os cães. Outros sinais são: desviar o olhar, andar muito devagar, ficar abaixado, levantar uma pata, curvar o corpo, se deitar, ficar ofegante, cheirar o chão etc.
Dependendo do contexto, lamber o focinho costuma ser um sinal de estresse.
Imagem: @chasingchop
Outros sinais de estresse:
Olhos
→ pupilas dilatadas
→ tensão muscular ao redor dos olhos
→ a esclerótica (parte branca dos olhos) é visível
Boca
→ bocejar
→ lamber o focinho
→ ofegar
→ salivar
→ bater os dentes
→ mostrar os dentes
Orelhas
→ coladas na cabeça e viradas para trás ou
→ alertas
Corpo
→ tenso
→ espreguiçar demais
→ soltar pelos demais
→ “congelar” ou se mover em câmera lenta
→ ficar encolhido
→ tremer
→ suor nas almofadas plantares
→ se chacoalhar, como se estivesse molhado
Vocalizações
→ latir (pode indicar que se sente ameaçado, se for um tom mais grave, ou que está assustado / estressado, se for um tom mais agudo)
Pós-graduada em Genética e Biologia Molecular. Foi professora universitária federal de Biologia Celular e Genética. Criou buldogues franceses. Foi membro efetivo do Conselho Disciplinar do Kennel Clube de Belo Horizonte. Foi Diretora da Federação Mineira de Cinofilia. É editora do "Seu Buldogue Francês", o maior blog do mundo sobre buldogues franceses, e de todas as mídias sociais que levam esse nome. É palestrante e consultora sobre bem-estar e comportamento canino. Além disso tudo, é perdida e irremediavelmente apaixonada por frenchies.
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