A Inteligência dos Cães é uma publicação de Stanley Coren a respeito da inteligência canina para o trabalho e para com a aceitação de comandos de obediência. Para a elaboração deste livro, Coren criou um questionário a ser respondido por juízes norte-americanos e canadenses especializados em provas de obediência. Na obra, 133 raças foram avaliadas e listadas em 79 posições por 208 juízes, entre os quais 199 responderam completamente as perguntas. Para o autor foi importante ainda ressaltar que o livro não trata da chamada inteligência instintiva destes animais.





Stanley explica que existem três tipos de inteligência canina que devemos considerar:
  • Inteligência de adaptação (capacidade de aprendizagem e de resolução de problemas):  Varia de acordo com cada cachorro, sendo um dado particular de cada indivíduo. A inteligência de adaptação é medida através de testes de QI canino.
  • Inteligência instintiva: Também podemos considerar que a inteligência instintiva é algo específico de cada indivíduo e é algo que também varia de cachorro para cachorro. A inteligência instintiva também pode ser medida através de testes de QI canino.
  • Inteligência para trabalhar e obedecer: A capacitação para trabalhar é de fato derivada de uma seleção realizada ao longo de séculos, feita pelo homem. É claro que animais sem raça definida, também possuem a capacidade de trabalhar e obedecer; muitas vezes são de fato muito bons para isso. Esta capacitação também pode ter algum fundamento genético, afinal cães SRD também tem como parentes cães de raça. Mas estamos falando aqui a respeito de raças caninas e de como podemos classificar exemplares de cães de raça de acordo com a inteligência para trabalho e obediência, analisando o tempo de resposta destes animais para obedecerem a comandos. Segundo Stanley Coren, o Ranking de Inteligência Canina, avalia a inteligência relativa à capacidade de obedecer a comandos e trabalhar, e este tipo de inteligência canina, está diretamente relacionada a raça do cachorro.
O buldogue francês encontra-se na 58ª posição desse ranking de inteligência, que avalia exclusivamente a capacidade de obedecer a comandos e a trabalhar. Por isso, são classificados como cães de capacidade razoável para obediência e trabalho:

Os cães que pertencem a esse grupo conseguem aprender um novo comando entre 40 a 80 repetições.  Às vezes é necessário cerca de 25 repetições para que eles comecem a demostrar algum sinal de compreensão ao comando novo. Também é natural, para esse grupo de cães, uma sucessão de repetições antes que eles possam executar o exercício proposto. Mesmo que esses cachorros já tenham assimilado o comando através de repetições, ainda podem demonstrar pouco interesse em executá-lo. Esse grupo canino precisa ser incentivado com uma dose considerável de persistência e muita paciência pois responder a exercícios, definitivamente, não é inerente à personalidade deles. Eles demonstram atitudes que fazem com que pareça que esqueceram completamente o que você espera deles. Por isso, é importante realizar o maior número de aulas de adestramento com jogos divertidos e reforço positivo para despertar o interesse desse grupo de cães para as atividades de adestramento. Também é fundamental manter as aulas com regularidade para que eles permaneçam respondendo aos comandos. Para estas raças o adestramento “normal” não é uma opção, eles necessitam de mais estímulos. Normalmente obedecem ao adestrador ou proprietário apenas em 30% dos casos ou mais, após a solicitação do comando. A velocidade de resposta, varia de acordo com o tempo investido no adestramento de cada cão e, em geral, eles aparentam ser um pouco mais preguiçosos e distraídos para responder aos comandos se compararmos aos grupos anteriores. Ainda assim, estes cães irão obedecer, e sempre se terá uma resposta melhor se for adestrado pelo próprio dono. É importante estar sempre perto do cachorro, se possível com contato visual, caso contrário a tendência é de que ele fique disperso. Podemos dizer que são cachorros que obedecem apenas se quiserem. Definitivamente esses cães não tendem a responder a comandos se o proprietário ou adestrador estiver a um certa distância deles.

Obviamente, trata-se de uma média. Há frenchies que respondem mais rapidamente a comandos e há outros que exigem toda a paciência que não temos para isso. Minha própria experiência comprova esse fato. Porém, a maioria dos frenchies merece todo esse discurso promovido pelo pesquisador Stanley Coren.
Por isso, antes de adquirir um buldogue francês, é importante que o futuro tutor esteja atento às limitações que são inerentes à raça. Frenchies são cães que demoraram a aprender o xixi e cocô no lugar certo, não podem andar na rua sem coleira e precisam de muito reforço positivo para se interessarem por qualquer treinamento.

Se você acredita que está muito difícil ensinar comandos básicos a seu cão (e não básicos também!), não hesite em contratar um comportamentalista canino. Ter um tradutor e intérprete profissional, em nossas relações com nossos cães, encurta bastante o caminho! 

(texto adaptado de Blog do Cachorro)





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CAMILLI CHAMONE

Pós-graduada em Genética e Biologia Molecular. Foi professora universitária federal de Biologia Celular e Genética. Criou buldogues franceses. Foi membro efetivo do Conselho Disciplinar do Kennel Clube de Belo Horizonte. Foi Diretora da Federação Mineira de Cinofilia. É editora do "Seu Buldogue Francês", o maior blog do mundo sobre buldogues franceses, e de todas as mídias sociais que levam esse nome. É palestrante e consultora sobre bem-estar e comportamento canino. Além disso tudo, é perdida e irremediavelmente apaixonada por frenchies.

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