Tradução livre do texto The Bite Scale, escrito por Dr. Ian Dunbar, referência mundial em comportamento canino. Nossos agradecimentos especiais à Núbia Tomazini pela tradução da “Escala de Mordidas”.

Créditos: @missasiaxoxo

Agressão canina é um assunto difícil de ser abordado de forma objetiva. Em geral, os tutores sempre são emocionais quando falam sobre seus cachorros e reatividade/agressividade são assuntos particularmente mais delicados, quer seja quando ocorre um problema de briga entre cães, quer seja quando outras pessoas são mordidas.

Quando um cão “ataca” ou age de forma agressiva em relação a uma pessoa ou outro animal, costuma ser raro haver espaço para a lucidez.
O tamanho e a raça do cão têm um enorme efeito sobre o julgamento das pessoas acerca do comportamento agressivo. Cães pequenos podem facilmente se safar de situações que levariam cães de grande porte a serem reportados à polícia. As raças que têm reputação de serem perigosas têm muito pouco espaço para o erro, quando se trata de temperamento e comportamento em relação a outras pessoas.

Mesmo os comportamentos que são inteiramente amigáveis ​​podem ser percebidos como agressivos, quando realizados por uma raça com má reputação ou quando o “alvo” é uma criança ou alguém que tem medo de cães. O mesmo evento poderia ser facilmente descrito como “um ataque feroz e aterrador” por uma pessoa e como “apenas um pouco de falta de modos” por outro. De outra forma, comportamentos agressivos, por parte dos cães de pequeno porte, são até entendidos como “gracinhas”.

Então, a questão é: como medimos objetivamente a gravidade dos problemas de mordida dos cães? Como determinamos quais cachorros são realmente perigosos? Porque os cães podem ser perigosos. Qualquer cão pode potencialmente morder –  a verdadeira questão é se eles desenvolveram inibição de mordida confiável. E qualquer cão que não tenha desenvolvido inibição de mordida é capaz de causar dano grave em um piscar de olhos, mesmo cães pequenos.

A Escala de Mordida do Dr. Ian Dunbar nos permite obter uma avaliação objetiva do quão perigoso é um cachorro, pois determina a gravidade da mordida de um cão com base em uma avaliação imparcial. A gravidade da lesão (ou da não lesão) é classificada em 06 (seis) diferentes níveis. Isso nos possibilita desenvolver um diagnóstico e um prognóstico razoável sobre quanto tempo, habilidade e risco podem ser esperados na reabilitação do cão.

Escala de Mordidas de Ian Dunbar – traduzida pela bióloga Núbia Tomazini

A boa notícia é que, quando usada corretamente, a escala de mordidas quase sempre indica que o problema não é muito perigoso e que é facilmente resolvido com um pouco de treinamento. A má notícia é que, quando o problema “simples” não é corrigido, ele escalona e agrava.

Quase todas as “mordidas de cães” são nível 1 ou 2. A maioria é nível 1: o cão reagiu, mas, na verdade, não tocou os dentes na pele de ninguém. Muitas outras “mordidas” são incidentes em que os dentes do cão tocam a pele da pessoa, mas não chega a perfurá-la.

Cães nível 1 e 2 são realmente bastante seguros e facilmente reabilitados. Esses cães precisam de reabilitação imediata e esses problemas podem ser resolvidos com um risco mínimo. De certa forma, pode-se dizer que os cães reagiram de forma agressiva, mas inibiram sua resposta de forma a não causar lesões, quando poderiam facilmente ter causado.

Claro, se você não intervir, esta situação certamente piorará… por isso, as mordidas de nível 1 ou 2 não devem ser ignoradas. Elas são um sinal de alerta claro de que a reabilitação é necessária.

Uma pequena minoria de mordidas é nível 3 ou superior. Neste ponto, o cão está puncionando a pele e então sabemos que a inibição da mordida do cão não é confiável – esse cão é capaz de causar sérios danos a alguém. O tutor de um cão que tem mordida nível 3 ou superior, precisa da ajuda de um comportamentalista positivo imediatamente. Além disso, é da inteira responsabilidade do tutor gerenciar esse cachorro, de tal maneira que ele não tenha a oportunidade de morder de novo.

Um cão que produz mordidas a partir do nível 3 é considerado um cão perigoso, independentemente do seu temperamento geral. Este pode ser o cão mais amável do mundo, mas agora sabemos que sua inibição de mordida não é confiável e, se uma reação agressiva for provocada, esse cão pode causar sérios danos.

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(Texto extraído do endereço http://www.dogstardaily.com/training/bite-scale e traduzido por Núbia B. Thomazini. Instagram @eros_bt)


Para adicionar perspectivas:

Os Níveis 1 e 2 compreendem mais de 95% de todas as mordidas de cães e bem mais de 80% das mordidas relatadas. O cão certamente não é perigoso, mas muito mais suscetível a ter medo, ou ataques fora de controle. Tem um prognóstico maravilhoso para resolver rapidamente o problema.

Nível 3: O cão não é excessivamente perigoso, mas muito mais suscetível a ter medo, ou ataques fora de controle. Sem tratamento, outras mordidas de Nível 3 podem escalonar lentamente, especialmente se o cão estiver sob stress (assustado, encurralado, maltratado, etc). Prognóstico é bom para um cão que obedece ao proprietário. O problema pode ser resolvido.

Nivel 4: O cão tem inibição de mordida insuficiente e é perigoso. O prognóstico para a resolução não é muito bom, pois é muito difícil e perigoso tentar ensinar a inibição da mordida a um cão adulto com uma mordida pesada e porque a obediência ao tutor é rara neste casos. O cão é um mordedor nível 4 e é capaz de infligir um dano considerável quando morder novamente. Eu recomendo que este cão seja confinado dentro de casa/terreno e nunca liberado em áreas públicas. O cão é extremamente reativo e fica estressado com o ambiente ao seu entorno, e assim caminhadas provavelmente não são muito divertidas para o cão de qualquer maneira. Confinar este cão a um quintal cercado não é seguro, pois o cão pode não ser capaz de sair, mas as pessoas (Ex. crianças) podem ser capazes de entrar.

Nível 5 e 6: O cão é extremamente perigoso e mutila suas vítimas. O prognóstico é terrível. O cão simplesmente não é seguro para o convívio com pessoas. Eu recomendo eutanásia porque a qualidade de vida é tão ruim para os cães que têm de viver suas vidas em confinamento solitário e sem contato e afeição de pessoas.

Para acrescentar mais perspectiva: Todos os anos nos EUA, os cães matam aproximadamente 20 pessoas – metade delas crianças. Entretanto, a maioria de anos nos EUA, aproximadamente 2000 crianças são mortas, não por cães, mas por seus pais.

 

 

 

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CAMILLI CHAMONE

Pós-graduada em Genética e Biologia Molecular. Foi professora universitária federal de Biologia Celular e Genética. Criou buldogues franceses. Foi membro efetivo do Conselho Disciplinar do Kennel Clube de Belo Horizonte. Foi Diretora da Federação Mineira de Cinofilia. É editora do "Seu Buldogue Francês", o maior blog do mundo sobre buldogues franceses, e de todas as mídias sociais que levam esse nome. É palestrante e consultora sobre bem-estar e comportamento canino. Além disso tudo, é perdida e irremediavelmente apaixonada por frenchies.

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