Texto sensacional do excelente comportamentalista positivo Patrick Rocha. Você pode ler o texto original aqui.
O treino da chamada é, na minha opinião, um dos exercícios mais importantes que devemos ensinar a um cão. Trata-se de um exercício, que quando eficazmente condicionado, permite-nos colocar o cão em segurança, independentemente do contexto em que ele se encontra.
Tendo em conta que esse é um dos principais problemas que leva um tutor a pedir ajuda profissional, decidi escrever este artigo com algumas sugestões para o ajudar a resolver esse problema.
Antes de iniciar o treino, é fundamental reunir todas as pessoas que lidam com o cão e, em consenso, definir a palavra que vai ser condicionada para este exercício. Para facilitar a aprendizagem e o condicionamento, é extremamente importante que todos usem o sinal (palavra) da mesma forma, caso contrário o pai vai usar o “anda”, a mãe vai usar o “vem”, o filho vai usar o “pega” e isto vai influenciar negativamente o processo de treino.
Nota: Existem tutores que costumam usar apenas o nome do cão quando pretendem chamá-los, o que do meu ponto de vista, não é aconselhável, tendo em conta que o nome do cão, é usado diariamente nas mais diversas situações e contextos, o que também dificulta o condicionamento.
No meu caso, o sinal que eu uso é “Big” (obtenho o focus do cão) e assim que ele olhar para mim, digo “Aqui” (e aí vem ele todo lançado)
– Coloque o peitoral/coleira no seu cão e prenda-o com uma guia longa. Deixe-o explorar o jardim e assim que ele estiver distraído diga o nome dele (ex. Big) num tom motivador, assim que ele olhar para si, diga “aqui” (ou a palavra que pretender condicionar) e dê alguns passos para trás (isto vai influenciar com que o cão acelere o passo). Assim que ele chegar à sua beira, reforce-o com comida ou brinquedo (utilize algo que o motive a colaborar consigo). Repita este processo 10 vezes por dia, até verificar que ele já responde como pretende.
– Quando a fase anterior estiver bem condicionada, repita os mesmos passos, mas em vez de ter o cão preso à guia, trabalhe com ele solto. Repita este processo 10 vezes por dia, até verificar que ele já responde mesmo estando sem a guia.
Nota: Caso não tenha um jardim ou caso o jardim esteja em contato direto com ambientes muito distrativos, opte por trabalhar o primeiro passo dentro de casa e vá generalizando em várias divisões.
2º Passo
Treinar em casa com distrações
– Prenda a guia longa no seu cão e peça a um familiar ou vizinho para caminhar pelo jardim. Assim que o seu cão estiver distraído a olhar ou a cheirar a outra pessoa, chame-o conforme os passos anteriores e reforce-o assim que vier. Repita 10 vezes este procedimento.
– Se o cão respondeu bem à etapa anterior, está na altura de aumentarmos, gradualmente, as distrações no contexto. Por exemplo: o familiar a caminhar mais rápido; o familiar a atirar uma bola para o ar; o familiar a acariciar o cão; o familiar a atirar uma bola pelo chão; o familiar com comida na mão…..
Repita 5 vezes o exercício com cada uma destas distrações. Apenas aumente a intensidade da distração, se conseguir 5 chamadas eficazes na distração anterior.
– Generalize o procedimento anterior com diferentes pessoas e com diferentes distrações. Se o seu cão for sociável, pode inclusive usar o cão de um vizinho como distração para o seu cão
– Se o seu cão já responde com prontidão à chamada, com a guia e com distrações no ambiente, está na altura de treinar o exercício com o cão solto e com as distrações anteriores. Nesta fase, baixe um pouco o critério e inicie com distrações de baixa intensidade.
3º Passo
Treinar noutros ambientes sem distrações
– Coloque a guia longa no seu cão e vá para um espaço amplo, próximo da sua residência. Idealmente deve ser um espaço calmo, sem movimento de pessoas, outros animais ou viaturas. Pratique a chamada conforme passos anteriores. Faça 10 repetições diárias durante os dias que se seguem.
– Se o cão estiver a responder como pretende, procure outros espaços, sem distrações, e generalize o exercício.
4º Passo
Treinar noutros ambientes com distrações
– Com o seu cão de guia longa, peça a familiares/vizinhos para criarem distrações ao cão. É importante trabalhar ao ritmo do cão e aumentar a intensidade das distrações, apenas quando o cão estiver preparado para tal.
Atenção: Tendo em conta que estamos a trabalhar em espaços públicos, onde qualquer estímulo (cheiro, objeto, barulho, pessoa, animal…) pode atrair a atenção do cão, é por vezes necessário aumentar o valor do reforço, de forma a obter o foco e a colaboração do cão no exercício. Aquilo que nos temos para dar, deve ser sempre mais motivador do que aquilo que o cão possa encontrar no ambiente. Ou aquilo, que nos temos para dar, pode ser a chave de acesso àquilo que o cão ache motivador no ambiente – Principio de Premack http://patrickrocha.pt/post/principio-de-premack
5º Passo
Treinar noutros ambientes, com distrações, e sem guia
Este passo é opcional, pois envolve trabalhar o cão sem guia no meio ambiente. Caso não tenha o hábito de soltar o seu cão em espaços públicos, óptimo, está a respeitar a lei e neste sentido pode ignorar o 5º passo (relembro que é proibido por lei, os cães andarem soltos em espaços públicos http://patrickrocha.pt/post/passear-o-cao-sem-trela-porque). No caso de ser um tutor, que sente necessidade de soltar o cão para ele ter mais liberdade, sugiro que trabalhe o passo seguinte.
– Quando o seu cão, à guia, tiver uma resposta fantástica, independentemente do ambiente ser pouco ou muito estimulante, poderá avançar para esta fase. Procure um espaço vedado, sem distrações, e trabalhe o exercício com o seu cão solto. 10 chamadas obtidas com sucesso, pare o treino e volte a praticar no dia seguinte.
– A etapa anterior já está bem condicionada? Sim! Então é o momento de inserir as distrações com o seu cão solto. Trabalhe com critérios muito baixos e vá aumentando gradualmente as distrações e respetiva dificuldade no treino. Pela minha experiência, o grau de dificuldade máximo neste exercício, é conseguir obter a resposta à chamada, quando o seu cão estiver solto a brincar com outros cães! Se conseguir que ele responda nestas situações, então as probabilidades dele responder noutros contextos, será de quase 99% (como não há seres vivos perfeitos, a eficácia a 100% não existe)
Conselhos Extras:
NUNCA chame o cão, se tiver convicto de que ele não vai responder!
NUNCA chame o cão, para o colocar numa situação desagradável (ex: prendê-lo no canil ou começar aos berros com o mesmo)
Use e adapte os reforços ao seu e ao contexto. Ambientes pouco estimulantes, reforços de baixo valor (ração, biscoitos….), ambientes muito estimulantes, reforços de alto valor (queijo, coração, salsichas, bola de ténis…)
Reforce SEMPRE o cão, quando ele vier ter consigo, independentemente dele vir mais lento ou mais rápido
SEMPRE que o seu cão vier ter consigo, antes de lhe dar o reforço segure-o pela coleira/peitoral e só depois reforce (este procedimento vai condicionar o seu cão ter prazer em ser manuseado na coleira/peitoral e isto é útil, para o caso em que o tenhamos de prender com urgência e rapidez)
Pós-graduada em Genética e Biologia Molecular. Foi professora universitária federal de Biologia Celular e Genética. Criou buldogues franceses. Foi membro efetivo do Conselho Disciplinar do Kennel Clube de Belo Horizonte. Foi Diretora da Federação Mineira de Cinofilia. É editora do "Seu Buldogue Francês", o maior blog do mundo sobre buldogues franceses, e de todas as mídias sociais que levam esse nome. É palestrante e consultora sobre bem-estar e comportamento canino. Além disso tudo, é perdida e irremediavelmente apaixonada por frenchies.
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