No simpósio promovido pela Food and Healing Alliance 2018, no Rio de Janeiro, a M.V. PhD em nutrição para pets, Dra. Flávia Saad, iniciou sua palestra com uma frase inspiradora: “por que a nutrição se tornou tão complicada?”

Bebês humanos nascem e simplesmente mamam o quanto precisam. Por volta de 6 meses de idade, os dentes começam a nascer – o que significa que o corpo deles já pede um incremento na dieta. Crescemos comendo o que precisamos e aprendemos que quanto mais diversificada, uma dieta for, mais equilibrada ela tende a ser. Por vezes, sentimos vontade de comer frutas ácidas e, no frio, não sentimos desejo por verduras. Isso é normal – comer é um processo natural, de escuta do corpo. Mas, por que complicamos tanto com os nossos pets? Não sei. (Bem… na verdade, sei, mas discutir isso não é o propósito desta postagem…)

Gostaria de contar a você que não existe nenhuma dieta 100% balanceada e posso ponderar diversas justificativas que explicam o meu discurso:

 

1º. Cada indivíduo é único

Para ser definida a quantidade de nutrientes que o corpo de um indivíduo necessita para sobreviver e prosperar, é necessário que sejam feitos estudos gigantescos, com milhares de participantes, que sejam geneticamente diferentes, que possuam estilo de vida diferentes, que vivam em lugares diferentes. Os resultados desses estudos apontarão uma média variável e essa média variável  será utilizada como base do padrão alimentar. Entretanto, a média não contempla as necessidades do indivíduo, contempla as necessidades da população.

Esses estudos são muito importantes para padronizar e balancear as dietas comerciais. Porém, não se pode afirmar que essas dietas sejam 100% balanceadas, porque na condição de único, cada indivíduo possui um metabolismo único que requer diferentes concentrações de nutrientes para operar.

Além disso, variações orgânicas no mesmo indivíduo produzem necessidades metabólicas diferentes. Por exemplo: o indivíduo saudável possui necessidades metabólicas diferentes de quando está convalescendo.

Não existem programas de computadores ou tecnologia avançada da NASA que sejam capazes de avaliar metabolicamente cada indivíduo, para discriminar a necessidade nutricional de cada um. Você conhece alguma dieta que considere a individualidade sem margens de erro?

 

2º. O clima interfere no metabolismo

Mesmo irmãos gêmeos univitelinos, que vivem em regiões diferentes, possuem necessidades orgânicas diferentes – porque o clima interfere no metabolismo basal. Partindo deste princípio, podemos afirmar que um buldogue francês que vive no Canadá, tem necessidades orgânicas diferentes de um buldogue francês que vive no Brasil. Você conhece alguma dieta que leve em conta o clima onde vive o indivíduo?

 

3º. Existe variação de concentração de nutrientes em um mesmo alimento

O salmão das águas geladas do Alasca possui concentração de nutrientes completamente diferente do salmão de cativeiro. O brócolis oriundo de um solo rico em matéria orgânica é nutricionalmente diferente de  um brócolis oriundo de um solo organicamente empobrecido. O suíno de granja, que se alimenta basicamente de milho e soja, tem concentrações diferentes de nutrientes, em sua carne, de um suíno criado livre. Os ovos das galinhas caipiras que ciscam são nutricionalmente diferentes dos ovos das galinhas de granja. O tomate orgânico é nutricionalmente diferente de um tomate tratado com pesticidas. A uva produzida no solo do Brasil é nutricionalmente diferente da uva produzida na França. A banana produzida em São Paulo é nutricionalmente diferente da banana produzida na Bahia, porque o tipo de solo e de clima impactam, não só no sabor, mas também na concentração de nutrientes.

O clima, o solo, a vegetação circundante e o substrato alimentar impactam na concentração de nutrientes de cada alimento. Por isso, é fácil concluir que as tabelas de valores nutricionais dos alimentos são generalistas, empíricas e falaciosas.Você conhece alguma dieta que considere a regionalidade dos alimentos consumidos?

 

4º. O mesmo indivíduo possui necessidades metabólicas diferentes em diferentes estações do ano

A figura abaixo é auto-explicativa, mas ainda assim explico que os animais precisam de auto-aquecerem-se quando está frio ou produzir maior quantidade de anticorpos IgE e mobilizar mais mastócitos na primavera, quando o pólen estimula o sistema imunológico, ou precisam resfriar-se mais no verão – tudo isso altera o metabolismo.

 

Além disso, o mesmo alimento produzido em estações diferentes, no mesmo solo, produz valores nutricionais diferentes.

Você conhece alguma dieta que considere os efeitos da sazonalidade no metabolismo dos indivíduos?

 

5º. Um questionamento interno

Será que a força gravitacional da lua interfere no nosso metabolismo e no metabolismo de todos os outros mamíferos? Se até os gigantescos oceanos são afetados por ela, subindo os descendo as suas marés… porque o nosso corpo, que possui 60% de água (acredito que não deva ser muito diferente com outros mamíferos) não responderia de alguma forma?

O estudo Does lunar position influence the time of delivery? A statistical analysis publicado no European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology documentou uma taxa maior de partos durante os períodos de lua cheia:

 

 

 

Conheço um caso de epilepsia canina que exacerba-se na mudança de lua.

Talvez, a pergunta mais adequada não seja se a força gravitacional da lua interfere no metabolismo dos animais… mas COMO ela interfere nesse metabolismo!

Você conhece alguma dieta que considere os efeitos das forças gravitacionais no metabolismo dos indivíduos?

* * * * *

Diante de tantos elementos diferentes, que estão totalmente fora do nosso controle, como podemos acreditar que seja possível criar uma dieta 100% balanceada, que atenda a 100% das necessidades metabólicas de um indivíduo diariamente? Essa dieta não existe, porque as variáveis que não podemos controlar são muitas. Então, questionamos:

Como oferecer uma dieta balanceada ao meu cão?

1. Respeitando a fisiologia digestiva dele, que o processo evolutivo levou milhões de anos para esculpir (alimente um carnívoro como um carnívoro deve ser alimentado – ou o mais próximo disso possível).

2. Oferecendo alimentos minimamente processados.

3. Diversificando a qualidade dos alimentos oferecidos na dieta.

4. Só isso.

Desde 2008, todos os nossos buldogues franceses, de diferentes idades (filhotes em desmame, filhotes em período de crescimento, cães adolescentes, cães adultos e cães idosos) são alimentados com a alimentação natural crua e com ossos, descrita gratuitamente no site do Cachorro Verde

Essa dieta também não é 100% balanceada, porque simplesmente não existe nenhuma dieta que seja! Mas, ela atende aos pré-requisitos de respeitar a fisiologia digestiva dos cães, é minimamente processada e nutricionalmente diversificada – e, consequentemente, o mais importante: melhorou a saúde de todos os meus cães.

Se você não se sente à vontade para ler todas as recomendações ou se possui um cãozinho com problemas de saúde, que precise de uma dieta especial, faça uma consultoria com um veterinário ou um zootecnista que entenda de nutrição de pets.

 

Só o conhecimento transforma!

 

 

 

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CAMILLI CHAMONE

Pós-graduada em Genética e Biologia Molecular. Foi professora universitária federal de Biologia Celular e Genética. Criou buldogues franceses. Foi membro efetivo do Conselho Disciplinar do Kennel Clube de Belo Horizonte. Foi Diretora da Federação Mineira de Cinofilia. É editora do "Seu Buldogue Francês", o maior blog do mundo sobre buldogues franceses, e de todas as mídias sociais que levam esse nome. É palestrante e consultora sobre bem-estar e comportamento canino. Além disso tudo, é perdida e irremediavelmente apaixonada por frenchies.

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