Há vinte anos, a visão predominante na psicologia acreditava que, embora o aprendizado e a formação de novas memórias ocorressem por toda a vida, as mudanças neurais, associadas a esses eventos, estavam todas presentes em receptores já existentes, formados durante a infância. Segundo essa visão, nenhum novo hardware neural, de sinapses a neurônios, apareceria mais ao longo da vida.
Entretanto, nos últimos 20 anos, uma outra visão suplantou essa, mostrando que, embora a infância seja especialmente adequada à adaptação neuroplástica (formação de novos neurônios, criação de novas sinapses, aumento da arborização dendrítica, etc.) , também há uma mudança neuroplástica importante na vida adulta.

Se você não está muito familiarizado com esses termos acima, não se preocupe! A única coisa que você precisa saber é que todo aprendizado ocorre exclusivamente porque neurônios se conectam. Portanto, por exemplo, quando um cão escuta um barulho qualquer e sofre uma experiência com isso (boa ou não), seu cérebro imediatamente forma conexões para que ele associe o som à experiência. Quando um cão aprende o comando SENTA, seu cérebro precisou formar conexões entre os seus neurônios para que isso pudesse acontecer. Esse fenômeno de ligações entre neurônios e de adaptação neurológica ao ambiente, que permite o estabelecimento de novas competências, é chamado de neuroplasticidade.

Por que estou escrevendo sobre neurociência neste blog?
Porque, durante muitos anos, escutei das maiores autoridades do comportamento canino que o período de socialização dos cães se encerra por volta das 12 semanas de idade. Entretanto, essa afirmação não condiz com os achados atuais da neurociência, que mostram que a capacidade de aprender não tem período de expiração – tanto dos cães, quanto de qualquer outro animal.
É indiscutível que os tipos de experiências que levam à mudança neuroplástica se estreitam com a idade. É indiscutível que um cérebro em desenvolvimento está muito mais apto a formar conexões neurais que um cérebro maduro. É indiscutível a importância de oferecermos experiências sociais aos cães, enquanto eles ainda são filhotinhos, para que eles se tornem mais aptos a desenvolver a sua sociabilidade. Mas, diante de todos os achados atuais da neurociência, não podemos mais afirmar que a capacidade dos cães socializarem se encerra aos 3 meses de idade.
Procurando o embasamento científico que justificou, por tantos anos, esse discurso da socialização, encontrei alguns bastante antigos e com metodologia limitada. Todos esses estudos apenas apontam hipóteses quanto à fase de socialização dos cães – acredito eu que, considerar a hipótese como um fato certo e inquestionável, foi um erro que consagrou-se pelo uso.
Tendo isso como embasamento de discurso, não me sinto mais confortável para afirmar que a fase de socialização dos cães encerra-se aos 3 meses de idade – preciso corrigir as postagens anteriores deste blog que afirmam isso!
Entretanto, continuo reafirmando que a exposição controlada e positiva a novos estímulos, desde a mais tenra idade, atua de forma importantíssima na sociabilidade presente e futura de cada cão. É preciso aproveitarmos o período de desenvolvimento neurológico deles, em que o sistema nervoso faz conexões neurais com bastante facilidade, para criarmos o máximo de associações positivas possível, com o mundo que os cerca. Mas, isso não significa que cães neurologicamente maduros não tenham a capacidade de aprender novas competências!
A pergunta que fica é esta: quando o período de amadurecimento do sistema nervoso dos cães se encerra? E a minha resposta é a seguinte: cada cão é único, por isso, não podemos fazer qualquer afirmação, sem recorrer ao empirismo.
No desenvolvimento infantil dos humanos isso é muito claro! Por exemplo, a idade em que os bebês começam a andar e a falar varia bastante – andar e falar são competências que exigem maturidade neurológica. Se essas competências neurais variam em humanos, por que não poderiam variar em cães, se os nossos cérebros funcionam de maneira semelhante?
Créditos da imagem desconhecidos. Por favor, avise-nos se souber!

 

 

 

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CAMILLI CHAMONE

Pós-graduada em Genética e Biologia Molecular. Foi professora universitária federal de Biologia Celular e Genética. Criou buldogues franceses. Foi membro efetivo do Conselho Disciplinar do Kennel Clube de Belo Horizonte. Foi Diretora da Federação Mineira de Cinofilia. É editora do "Seu Buldogue Francês", o maior blog do mundo sobre buldogues franceses, e de todas as mídias sociais que levam esse nome. É palestrante e consultora sobre bem-estar e comportamento canino. Além disso tudo, é perdida e irremediavelmente apaixonada por frenchies.

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