Graças a milhares de experimentos e muita observação, Mendel iniciou o estudo da transmissão dos caracteres de uma geração para a outra.

Essa maneira simplificada de transmissão das características, conforme Mendel descreveu em suas ervilhas, é chamada de Genética Mendeliana.
Mendel não teve a chance de saber que DNA é o nome das “partículas” transmitidas entre as gerações. Mas, genética não é só Mendel. Muito foi descoberto depois de suas descobertas!  Um grande achado foi a conclusão de que Genética Mendeliana  aplica-se a uma proporção ínfima nos eventos que ocorrem na natureza.
Por isso, se você tem os olhos verdes e seu parceiro(a) também, seus filhos poderão nascer com olhos de cores escuras, de tonalidades diversas, porque há outros padrões de herança atuando aí.
Durante a minha vida de professora de genética na universidade, percebi que a maior dificuldade dos alunos, quando o assunto abordava herança genética, era entender que havia outros tipos de padrões, que não o mendeliano.
Por isso vou escrever um pouco sobre este assunto aqui no blog. Mesmo os profissionais da área biomédica, que não tem que não tem um entendimento maior em genética, se embolam por aqui.
O conjunto de DNA do indivíduo é chamado de genoma. Dentro do genoma há genes ativos, genes inativos e muitooooooo DNA que ninguém sabe para que serve (alguns chamam de DNA-lixo, mas, prefiro concordar com os que chamam de “DNA-entulho”). Há também algumas sequências malucas de DNA, aparentemente independentes e nômades (!) que adoram pular e se inserir onde não devem, podendo gerar mutações – são os transposons e retrotransposons. A maioria dos genes não funciona isoladamente, como na Genética Mendeliana. O genoma é fundamental para a manifestação (ou não) de um gene. Este fenômeno é chamado de interação gênica.
Isso pode explicar porque algumas patologias acontecem com o cruzamento de 02 (duas) linhas de sangue de animais que nunca tiveram histórico de uma determinada doença anteriormente.
Há vários tipos de interações gênicas:
– a combinação dos genes A e B impede a manifestação de um gene X;
– a combinação dos genes C e F atua na manifestação exacerbada de um gene Y;
– a combinação dos genes S e T retarda a manifestação do gene W;
– um gene controla vários outros, determinando a manifestação de várias características. Isso é só um pouco do começo. Há livros inteiros que tratam sobre este assunto. Muitos genes sofrem influência do ambiente para sua manifestação.
A produção de melanina (bronzeamento) é um ótimo de exemplo de influência do ambiente sobre a manifestação genética.
Quando o assunto é “doenças genéticas”, é importante saber que a maioria delas precisa do componente ambiental para manifestar-se. As doenças de causa “puramente genéticas” são minoria.
Em humanos, a fibrose cística e a anemia falciforme são doenças puramente genéticas. Entretanto, a depressão e a hipertensão são doenças genéticas com componente ambiental determinante para sua manifestação.
Em cães os mesmos princípios se aplicam!
Agradeçam Mendel porque ele deu o 1o. passo rumo ao futuro, mas esqueçam genética mendeliana…
Tenho lido muito “a culpa é da genética” quando nem se sabe como a genética funciona e quando nem se controla o fator ambiental adequadamente ou nem se sabe como ele atua para determinar o aparecimento de determinada doença.
Portanto: 1) Não caiam no engôdo dos criadores de animais de raça pura que juram de pé junto que seus animais – qualquer que seja a espécie – nunca terão problemas de saúde. É possível trabalhar a genética, até certo ponto, para tentar evitar determinados problemas, mas é impossível prometer que problemas nunca acontecerão. Aliás, nem Deus conseguiu fazer-nos a Sua perfeição. 2) Tenham em mente que doenças genéticas, uma vez desencadeadas, são para toda a vida. Ainda não há tratamento para os genes, só há tratamento paliativo para os sintomas. 3) Tenham boas referências de médicos-veterinários. E se ele disser “a culpa é da genética“, replique com um “será que os transposons estão envolvidos nisso?“. Se ele souber o que é um transposon, pode até ser que ele saiba um pouco de genética mesmo! 4) Não dê ouvidos a leigos. Leigos só sabem o que é Aa X Aa e, depois de ler este post, vocês já sabem que há mais que isso entre o céu e a terra. 5) O meu conselho, para quem quer um animal geneticamente perfeito, é aguardar os avanços da engenharia genética. Isso ainda não é possível, em 100 anos talvez. Por enquanto, só os deste tipo são garantidos.
Beijos!]]>

 

 

 

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CAMILLI CHAMONE

Pós-graduada em Genética e Biologia Molecular. Foi professora universitária federal de Biologia Celular e Genética. Criou buldogues franceses. Foi membro efetivo do Conselho Disciplinar do Kennel Clube de Belo Horizonte. Foi Diretora da Federação Mineira de Cinofilia. É editora do "Seu Buldogue Francês", o maior blog do mundo sobre buldogues franceses, e de todas as mídias sociais que levam esse nome. É palestrante e consultora sobre bem-estar e comportamento canino. Além disso tudo, é perdida e irremediavelmente apaixonada por frenchies.

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