No domingo, 17 de setembro, nosso dia pareceu começar igual aos outros. Acordei e Bento já estava sentado à porta do meu quarto, olhando fixamente para mim (como se pudesse me levantar com o poder da mente), esperando o passeio. Os filhos humanos ainda dormiam às 6h da manhã.
Levantei com preguiça, cogitei rapidamente a possibilidade de voltar para a cama e dormir até às 10h da manhã, mas logo afastei esse pensamento da cabeça – fiquei com peninha do Bento, que já ansiava pelo rotineiro passeio matinal. Tomei meu café da manhã, troquei de roupa, coloquei a coleira no catioríneo e seguimos de carro em direção ao
Parque das Águas.
Bento AMA esse parque. Há trilhas no meio do mato, lago, nascente de água, um enorme gramado e muita terra para ele brincar de bife à milanesa. Basta colocar a guia longa e a diversão é garantida.
Parque das Águas, em BH – MG.
Chegamos cedo ao parque, por volta das 7:30h, e poucas pessoas transitavam por lá. Como minha amiga estava atrasada, resolvi fazer uma trilha com o Bento. Entramos no meio da florestinha do parque e o cachorro se esbaldou: farejou tudo, marcou território, rolou na grama e na terra.
Saindo da trilha, a uns 10 metros de mim, vi Bento dar uma “bocada” em algo que estava no chão e logo disse a ele um sonoro HÃ-HÃ. O hã-hã é o nosso “marcador negativo” e ele já está condicionado a interromper o comportamento em curso quando o ouve.
Aproximei-me daquilo que ele tinha dado a “bocada” e vi que era uma bola (do tamanho de uma bola de tênis) de carne moída crua e fresca, bem fresquinha mesmo, ainda vermelhinha. Felizmente, a “bocada” parecia pequena, pois a bola estava praticamente íntegra. Achei aquilo estranho… o que uma bola de carne moída fresca estava fazendo ali? Pensei na possibilidade de veneno, mas, honestamente, espantei esse pensamento, afinal, quem jogaria uma bola de carne envenenada, em um parque, onde pessoas fazem picnic e crianças brincam?
Que engano.
30 minutos depois, Bento fez um quadro clássico de envenenamento agudo: salivação excessiva, hiperemese e diarreia. Imediatamente, dirigimos para o Hospital Veterinário da UFMG e, no percurso, o quadro foi se agravando… os vômitos vinham acompanhados de sangue vivo, Bento estava desorientado, respirando com dificuldade e chegou ao hospital praticamente desfalecido. O trajeto, do Parque à UFMG, foram os 20 minutos mais longos da minha vida.
Chegamos ao HOVET e ele foi prontamente atendido. Levaram-no para a UTI e, sem dúvidas, a rapidez do socorro e a expertise da equipe de veterinários de lá salvaram a vida dele. As energias positivas e as orações, que toda a comunidade buldogólatra emanou, também fizeram a sua parte. Aliás, obrigada a cada um de vocês que dedicou um pouquinho do seu tempo em pensamentos elevados ao Bento. A união faz a força – e fez.
Em pouco mais de 24h, depois do ocorrido, Bento já estava em casa, ainda inspirando cuidados, mas, estava vivo e estava bem. Porém, a carne que o envenenou ficou no parque – onde pessoas fazem picnic, onde crianças brincam e onde outros cachorros passeiam. O assassino que passeia pelo parque está solto e, provavelmente, não se deu ao trabalho de jogar apenas uma única bolinha por lá… deve ter espalhado mais, em outros cantos.
A administração do Parque das Águas já foi oficialmente notificada sobre o ocorrido.
Parque das Águas
Parque Ecológico Roberto Burle Marx ou, como é mais conhecido: Parque das Águas. É uma conquista da comunidade do Barreiro. Inaugurado em 1994, a área é de aproximadamente 170 mil m². Inserido no complexo ecológico da Serra do Rola-Moça, divisa da Serra do Curral, o Parque faz limite com a reserva de proteção do manancial Barreiro. Nele, pode-se encontrar um pequeno lago e diversas nascentes que formam o Córrego do Clemente, afluente do ribeirão Arrudas que integra a bacia do rio São Francisco.
Endereço: Avenida Ximango, 809 – Flávio Marques Lisboa (região do Barreiro)
Telefone: (31) 3277-5968