O rabinho do bulldog francês é cortado? 
Não! Eles nascem cotoquinhos assim mesmo! Escuto essa pergunta com muita frequência! 

Fonte: Getty Images
Mas, há muitos raças caninas que, ainda, sofrem com a cirurgia de corte de cauda: dobermann, rottweiler, schnauzer, yorkshire, cocker spaniel, fox paulistinha, etc.
A cirurgia de corte de cauda, ou caudectomia, é um procedimento com fortes raízes européias.

Na Inglaterra, as caudas eram rotineiramente amputadas para evitar taxação de impostos!  Alguns historiadores dizem que na lei de taxação a definição de “animal a ser taxado” dizia “todos os animais nascidos com uma cauda mais longa do que o comprimento do polegar de um homem“, e portanto os fazendeiros e “não nobres” passaram a cortar o rabo de seus cães o mais cedo possível, para que o coletor de impostos não pudesse aplicar a lei. Outra versão desta lei é que ela foi feita para taxar apenas cães nobres, que não eram usados para o trabalho, e então, como forma de diferenciar os cães que não deveriam ser taxados, as raças usadas para trabalho passaram a ter seus rabos amputados.
O parlamento revogou o imposto em 1796. No século 17 e início do século 18 na América do Norte, os religiosos mais fervorosos acreditavam que cães com caudas eram possuídos por demônios. Em alguns países, a amputação da cauda ocorria porque os cães de caça, que moviam-se rapidamente na vegetação pesada e espinhenta, estavam sempre rangando suas caudas – esses ferimentos são extremamente dolorosos e difíceis de tratar, segundo descreviam. Este é o caso de algumas raças de caça como o Pointer Alemão, o Cocker Spaniel e da maioria dos Terriers. No caso dos Terriers, inclusive, os defensores do corte de cauda alegam que um cachorrinho que entra na toca de sua presa terá uma dificuldade maior para se virar dentro do buraco se a sua calda estiver integra, e que o corte facilita para que o rabo do cachorro fique no tamanho adequado para o caçador tirar o cachorro do buraco, puxando-o pelo rabo, sem machucá-lo. Por razões de higiene, algumas raças que possuem uma pelagem longa e densa, como por exemplo o Old English Sheeepdog e o Yorkshire, são “beneficiadas” pela caudectomia, pois a região anal fica mais exposta e limpa, evitando que fezes fiquem grudadas na longa pelagem e que moscas e outros insetos depositem suas larvas. Por isso, muitas raças mantém o “ranço” da caudectomia e a mencionam no padrão. Obviamente, essa não é mais uma necessidade atual, os cães não são mais usados para caça, nem luta, trata-se meramente de uma questão estética. Justamente por isso, o Conselho Federal de Medicina Veterinária criou a Regulamentação número 877, sobre cirurgias estéticas mutilantes em cães.
Para quem não sabe, a cauda dos cães é constituída de vértebras caudais:
Fonte: Pixmax

Como comentei no blog da Bianca, me lembro de uma vez que estava na UFMG e um senhor, com uma cocker-lata, praticamente adulta, reclamou do absurdoooooo que estavam cobrando para cortar o rabo da cachorra. Com bastante delicadeza – se é que é possível uma “enxerida” ser delicada – eu disse a ele: “Sabe a coluna, moço? O rabo é a coluna também, que nos cães ficam longas! Cortar o rabo é uma cirurgia neurológica.” O meu argumento deve ter funcionado, porque ele ficou meio chocado…
EU SOU CONTRA CIRURGIAS ESTÉTICAS MUTILANTES EM CÃES.
E VOCÊ?
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CAMILLI CHAMONE

Pós-graduada em Genética e Biologia Molecular. Foi professora universitária federal de Biologia Celular e Genética. Criou buldogues franceses. Foi membro efetivo do Conselho Disciplinar do Kennel Clube de Belo Horizonte. Foi Diretora da Federação Mineira de Cinofilia. É editora do "Seu Buldogue Francês", o maior blog do mundo sobre buldogues franceses, e de todas as mídias sociais que levam esse nome. É palestrante e consultora sobre bem-estar e comportamento canino. Além disso tudo, é perdida e irremediavelmente apaixonada por frenchies.

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