Texto da nossa leitora Josiane Costa que enfrenta a recuperação do seu buldogue francês, Bono, vitimado por uma lesão medular causada por atropelamento. Emocionante!



Bono





O Bono foi atropelado por uma moto no dia 1º de junho 2016, quarta-feira, às 19 horas, ele estava sem coleira e viu um gato do outro lado da rua, tudo ocorreu em frente ao nosso prédio. Recebeu o primeiro atendimento e voltou conosco para casa. Desde o momento do acidente ele não conseguiu mais mexer as patas traseiras, saiu da rua se arrastando. Nos revezamos na hora de dormir, pois ele não podia se mexer, tinha que ficar deitado e parado. 

Na manhã seguinte ao acidente (02/06), às 9 horas o Bono foi atendido para fazer o raio x e outros exames, de lá foi encaminhado para o Hospital Veterinário da UFSM. Fomos atendidos em Santa Maria, em torno das 16 horas, onde nos foi dada a notícia de que as chances de ele voltar a movimentar as patas traseiras eram praticamente inexistentes – como se isso importasse, a única coisa que desejávamos era que ele não sentisse mais dor. A cirurgia foi marcada para o dia seguinte (sexta-feira, 03/06) pela manhã. 
Mais uma noite sem dormir. Sentíamos angústia e o segurávamos com força para que não se mexesse. Ele não entendia o porquê de ter que ficar imóvel, principalmente por estar sob efeito de medicação que controlou a dor, foi uma noite muito difícil. Durante a madrugada comecei a pesquisar sobre paralisia em cães com a finalidade de facilitar tudo que pudesse para ele, acabei descobrindo que existe muito pouco conteúdo e que ele se limita basicamente em cadeirinhas especiais, mas me lembro bem de um texto, o título era “Dando Qualidade de Vida a um Cão Especial” – o seguinte trecho me marcou e me fez começar a entender essa mudança nas nossas vidas (o autor do texto traçava um paralelo para a experiência de ser pai de uma criança especial): 

– “É como se você se preparasse para conhecer um país, traçasse roteiros, comprasse a moeda local, aprendesse a língua e, quando desembarcasse do avião, estivesse em outro lugar, completamente diferente. Após o primeiro susto e a necessidade de adaptação, você começaria a perceber que este outro país também tem muitas belezas, uma cultura fascinante e que valeu a pena conhecê-lo”.
Rezamos. Entregamos ele aos médicos e rezamos mais ainda. Pedindo para que, o que acontecesse, que fosse o melhor para ele. Rezamos para que ele não sentisse dor e para que conseguisse ser feliz conosco. E graças a Deus e a competência dos médicos nossas preces se concretizaram. As primeiras semanas de recuperação foram difíceis e intensas, contamos com a ajuda fundamental da Clínica Mundo a Parte e buscamos todos os dias meios de tornar as coisas mais fáceis para ele, é um aprendizado que nunca acaba, mas cada noite mal dormida, cada roupa suja de cocô e cada choro de cansaço e frustração por não conseguir encontrar a bexiguinha dele valeram a pena, pois eu tenho o meu filho canino amado e, principalmente, FELIZ de volta! 
Da mesma forma que tiveram pessoas incríveis que me ajudaram muito a entender melhor essa situação, também tiveram pessoas que vieram com as perguntas e comentários que já eram esperados, como: “por que não fizeram eutanásia?”, “que peninha, vocês deveriam ter sacrificado”, “eu não iria conseguir deixar ele viver deste jeito”, “eu sacrifiquei o meu pois era muito trabalho (sim, tive que ouvir isso)” entre tantos outros que me fizeram refletir muito a respeito do valor de uma vida. A falta de sensibilidade das pessoas, o “ele é só um cachorro”, como se a vida dele não significasse nada.
Eu acredito que cada situação que passamos em nossa vida acontece porque temos algo para aprender com ela, tudo acontece por um motivo, nos foi dado esse desafio para tirássemos algo dele. Não é fácil MESMO ter um ser que depende 100% de ti, mas com toda certeza é recompensador, todo amor e gratidão que a gente recebe de volta, toda vez que ele chora de felicidade quando a gente volta de uma viagem, ou aquele jeito dele de querer estar junto o tempo inteiro. Não sei se é possível, mas sinto que o meu amor por ele se multiplicou desde o acidente, e quem me conhece sabe o tamanho do amor que eu sempre tive por esse bicho. 
Minha intenção com essa publicação é mostrar o quão feliz pode ser um cachorro especial, depende só da gente! O Bono me ensinou muitas coisas e a cada lição que eu aprendo com ele eu sinto que evoluo como ser humano, sou muito grata por ser a mamãe dele e por ter a sensibilidade necessária dentro de mim para conseguir usufruir de toda beleza dessa situação, e a respeito dos que não compartilham desta sensibilidade, eu sinto pena, pois estes nunca irão conseguir viver uma experiência de amor incondicional. Também quero salientar os perigos de sair sem coleira na rua, não importa o quão adestrado e obediente seja o cachorro, acidentes acontecem, portanto NÃO SAIAM SEM COLEIRA. 
Quero agradecer a todos que estiveram junto conosco nessa caminhada, e que ajudaram da forma que puderam, tornando essa recuperação possível, muito obrigada de coração a Mundo à Parte, Grassiele Pessin, Hosp Vet UFSM / UNIJUI / UNICRUZ, Andre Avelino Costa Beber, Raça Agroveterinária, Seu Buldogue Francês!!




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CAMILLI CHAMONE

Pós-graduada em Genética e Biologia Molecular. Foi professora universitária federal de Biologia Celular e Genética. Criou buldogues franceses. Foi membro efetivo do Conselho Disciplinar do Kennel Clube de Belo Horizonte. Foi Diretora da Federação Mineira de Cinofilia. É editora do "Seu Buldogue Francês", o maior blog do mundo sobre buldogues franceses, e de todas as mídias sociais que levam esse nome. É palestrante e consultora sobre bem-estar e comportamento canino. Além disso tudo, é perdida e irremediavelmente apaixonada por frenchies.

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