Recebi este relato da querida Vivi Vieria, arqui-inimiga do flê, sobre a história da leishmaniose nas Américas e passo a compartilhar!
Na sexta-feira, dia 03 de junho, a professora Andréa Pires proferiu aos alunos de História da Medicina do Curso de Medicina/UFMA uma palestra cujo tema foi: A história das Leishmanioses no Novo Mundo. Segundo a professora, quando os primeiros colonizadores pré-colombianos chegaram ao nosso continente, os ameríndios já conheciam o que hoje chamamos de leishmanioses, tuberculose e outras patologias. Apresentou, inicialmente, a evolução da história das Leishmanioses, ao longo de 75 milhões de anos, destacando como prováveis primeiros hospedeiros os insetívoros arborícolas, passando pelos lemuroides, tassioides, símios, pongídeos até o Homo sapiens, surgido por volta de 300 a 400 mil anos atrás. Comentou a hipótese da evolução da Euleishmania para Leishmania, na África e na América do Sul, e teceu comentários sobre registros pré-colombianos, em cerâmicas incas e maias, que atestam a ocorrência do Botão do Oriente, spúndia, mal das florestas, úta ou leishmaniose cutâneo-mucosa, bem como, da leishmaniose tegumentar americana, no Peru antigo. Fez, ainda, referência a várias teorias que tratam da introdução da leishmaniose tegumentar americana, no Brasil, como a de Moreira ou Mediterrânea de 1906, a de Rabello ou Andina, 1925, e a Amazônica de Marzochi e Marzochi de 1994. No entanto, indicações mais antigas sobre a presença da Leishmaniose Tegumentar Americana, no Brasil, remontam a épocas anteriores a 1827. A professora Andréa discorreu, ainda, sobre os três períodos da história da doença, no Brasil, segundo Rabelo. O primeiro que vai até 1895 e trata da evolução clínica do Botão do Oriente. O segundo, que se estende até 1909, faz referência à identificação da Úlcera de Bauru. O terceiro, com início em 1910, trata do achado do parasito, em lesões mucosas. Mas foi Gaspar Viana quem descreveu, de 1911 a 1914, as lesões de pele causadas pelaLeishmania brasiliensis, descobriu a sua cura pelo tártaro emético e o primeiro caso em animal.
Falou, a seguir, das espécies conhecidas, atualmente, no Brasil, causadoras das formas tegumentar e visceral, bem como, sobre a distribuição das mesmas acompanhando os caminhos do progresso.
Concluiu comentando os fatores determinantes da Leishmaniose visceral, no Maranhão, destacando, dentre outros, a dinâmica de ocupação de espaços, constantes alterações do ambiente, profundas modificações sociais, as migrações intra e inter-estaduais e a precariedade ou inexistência de saneamento básico.
(Na verdade, o flebótomo não é um mosquito – inclusive já fui corrigida por um entomologista. O correto é díptero)