Por Carol Gravestock –  e faço tuas as minhas palavras!
A castração recentemente tornou-se um tema inflamado no mundo canino, novamente. A última vez que me lembro de tamanho interesse foi quando começaram as castrações precoces – antes de 10 semanas de idade. Neste tempo, castrar os cães era obrigação absoluta. Em um dos fóruns de discussão que frequento, há tópicos onde se discute se é “holístico” ou não castrar um filhote. Deixando de lado o que a falta de um órgão significa para a medicina holística, resta-nos o dilema – é ético para um criador exigir que os proprietários dos seus filhotes sejam castrados, sabendo que a castração não é inócua à saúde? Prefiro não entrar nesta discussão, que está repleta de muita retórica, estatísticas confusas e muitas vezes contraditórias. Concordo que cães de ambos os sexos parecem ser mais espertos e alertas, quando adultos, se permanecem inteiros ou são castrados mais tardiamente e é quase inegável que cães inteiros ou castrados tardiamente desenvolvem psique diferente de seus colegas castrados precocemente. Frenchies castrados precocemente tendem a ser eternos filhotes em suas atitudes, tem estrutura óssea menos densa, pernas ligeiramente mais altas e cabeças menos imponentes. Há estatísticas preocupantes que sugerem que os animais castrados apresentam risco maior de tumor de próstata, cadelas castradas apresentam maior incidência de tumor no baço e ambos os sexos tem maiores chances de desenvolver osteossarcoma. Estes problemas contrabalanceiam com as estatísticas que mostram que ambos os sexos tem risco reduzido de apresentar tumor mamário quando castrados (sim, machos também podem ter este tipo de câncer!). Obviamente, tumores testiculares e ovarianos não são mais um risco, uma vez que estes órgão foram removidos – mas, então, lemos que estes tumores não são comuns em cães, de qualquer maneira.


Estudar a literatura científica torna-se um ato de balancear – câncer de testículo versus câncer de próstata, tumor mamário versus osteossarcoma? Lendo e relendo, ainda chegamos à conclusão que não há um caminho simples e fácil. Mesmo os veterinários e pesquisadores não conseguem chegar a um acordo sobre o que é mais benéfico para a saúde. Todos nós, no entanto, concordamos com um fato – animais castrados não reproduzem. Como criadora, meu raciocício é simples: saber que meus cães estão castrados é uma coisa a menos para que eu me preocupe, em uma longa lista de coisas preocupantes – eu sei que eles não estão lá fora, enchendo o mundo de filhotes. Há um argumento a ser feito, é claro – não devemos encaminhar nossos cães a lares onde não possamos confiar nos proprietários. O raciocínio é que se você não pode confiar nos proprietários para cuidar de um cão inteiro, você não pode confiar nele em absoluto. Na minha opinião, isso é uma falácia. Muitas pessoas estão longe de saber alguma coisa sobre a criação dos antigos animais de produção, imagine então sobre inúmeras formas que dois animais de estimação encontram para acasalar. Cerca segura? Boa tentativa, mas animais inteiros saltam distâncias surpreendentes quando estão inspirados a fazê-lo e acasalamentos podem acontecer mesmo se um cão estiver acorrentado (apenas pergunte ao proprietário da gonden retriever que encontrou sua cadela atada com um vira-lata – com a corrente no meio deles).Cães fogem, pulam cercas, e geralmente podem ser mais criativos do que você imagina para seguirem seus impetos biológicos. A outra consideração é que as coisas mudam. O lar amoroso e ideal de hoje, pode ser uma casa amarga amanhã, tomada pelas dores de um divórcio. Há quase 10 anos, Barb e eu encaminhamos uma cadela linda, como companhia, a uma excelente casa. Casal maravilhoso, crianças fofas, referências sólidas e eles moravam perto, o que é sempre um plus. Eles nos enviaram atualizações por alguns anos, que diminuiu como tempo. Nada de novo aí – este é o padrão típico com as novas famílias. Foi feito um contrato que determinava a castração da cadela, mas o registro não era limitado. Isso não era comum aquela época e, além disso, os novos proprietário pareciam ser muito legais. Poucos anos depois, recebemos um e-mail de alguém do norte da Europa, que estava fazendo a pesquisa genealógica de seu cachorro. Quem é este cão em seu pedigree com o nome do nosso canil? Vendi apenas três cães para a Europa, e fiquei atônita, porque não era nenhum deles. Foi a cadelinha que vendi intacta, que mencionei acima, que foi revendida a um criador da Rússia. Como isso aconteceu? A rota usual, aparentemente. Fim do relacionamento, pessoas iradas, e um cãozinho fazendo parte da vingança de alguém, o próximo passo você sabe, ela está no avião para a Rússia. Sua história teve um final relativamente feliz – seu proprietário russo é uma pessoa respeitável, apresentou-a em dogshows, acasalou-a poucas vezes e manteve-a consigo para sempre. Poderia ter sido pior – ela poderia ter acabado no centro-oeste, enclausurada em um pedaço de quintal, reproduzida vezes seguidas até que ela estivesse cansada o bastante e fosse eutanasiada. Não haveria nenhuma maneira de predizer que isso tudo aconteceria a esta família, mas podemos afirmar que essa cadela não teria ido para a Rússia se fosse castrada. Ela poderia ainda ter sido enterrada viva, mas a experiência me mostra que os proprietários são mais propensos a devolver o cão se eles não conseguem ver nenhum lucro com a venda deles. E assim, faço o equilíbrio – paz de espirito versus saúde dos filhotes. Por exemplo, sou exigente com relação à castração, entretanto dou aos meus filhotes a chance de se desenvolverem naturalmente por o máximo tempo possível, antes de serem castrados.Na maioria dos casos, 6 meses é o mínimo ou depois do 1o. cio. Em alguns casos, quando os filhotes são menores, espero que eles sejam castrados depois de 1 ano de idade. Eu também tenho precauções, caso deseje alterar a clausula de castração. Alguns criadores podem considerar irresponsável – não deixam seus cães sairem de casa intactos. Eu apenas não acho que os riscos de castrar um filhote de 10 semanas sejam justificáveis, mas posso entender a apelação em fazê-lo a partir da perspectiva do criador. Eu diminuo minha insistência de castração de cães para provas de obediência, agility e outras provas esportivas, se eu sinto que os proprietários tem experiência suficiente para seguir adiante. Não posso negar que cães inteiros são melhores competidores e quem não quer ver seu cão ser um sucesso? Eu dispensei da castração quando eu vi que um dos meus cães estava bastante pequeno, tímido e imaturo, ele precisaria de toda testosterona que pudesse receber. Em cada um destes casos, ponderei para garantir que, intacto ou não, este cão não seria acasalado (ou se isso acontecesse, haveria penalidades). Novamente, alguns criadores não abrem exceções para nenhum cão, hora alguma, por nenhuma razão – uma posição que também sou simpatizante, mesmo que eu não a compartilhe. Sim, eu estou apostando em minhas casas que fazem obediência e, às vezes, temos que nos arriscar em prol de um bem maior. Ponderar os pós e contras do que é certo para nossos cães nunca foi fácil, não importa quanta retórica é utilizada a nossa volta (como aquela onde um criador anti-castração refere-se ao criador pró-castração como “Dr. Mengele com um canil licenciado”).  Não há uma resposta simples para a pergunta “qual é a melhor coisa a fazer?”. No final, temos que fazer o que nos faz sentir que fizemos o melhor para nossos cães individualmente, suas novas famílias e nossa integridade como criadores.]]>

 

 

 

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CAMILLI CHAMONE

Pós-graduada em Genética e Biologia Molecular. Foi professora universitária federal de Biologia Celular e Genética. Criou buldogues franceses. Foi membro efetivo do Conselho Disciplinar do Kennel Clube de Belo Horizonte. Foi Diretora da Federação Mineira de Cinofilia. É editora do "Seu Buldogue Francês", o maior blog do mundo sobre buldogues franceses, e de todas as mídias sociais que levam esse nome. É palestrante e consultora sobre bem-estar e comportamento canino. Além disso tudo, é perdida e irremediavelmente apaixonada por frenchies.

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