TRANSMISSÃO POR TRANSFUSÃO SANGUINEA
A transfusão de sangue é uma importante prática na medicina veterinária, que geralmente envolve o uso de sangue total. Os doadores de sangue devem ser vacinados contra as infecções que afetam cães e submetidos periodicamente a exames clínicos e sorológicos para detectar doenças transmitidas pelo sangue. No entanto, estas regras não são seguidas na maioria dos casos emergenciais, de modo que cães sem sintomas das principais doenças infecciosas são considerados adequados para doações. Até recentemente, a presença formas amastigotas livres ou intracelulares no sangue e sua transfusão não eram reconhecidas como um potencial perigo para transmissão da LVC. Entretanto, a ocorrência de transmissão do parasita Leishmania por transfusão de sangue tem sido relatada em cães. Freitas et al., (2006) comprovaram que Leishmania sp. pode ser experimentalmente transmitida pelo sangue total ou frações de células mononucleares de cães infectados para animais receptores, independente da condição clínica do doador. Em adição, os animais que receberam sangue total desenvolveram sinais clínicos mais graves do que os que receberam fração de células mononucleares. Esses são achados importantes, dado o amplo uso generalizado em medicina veterinária de transfusão de sangue total. Além disso, Grogl et al.(1993) mostraram que L. donovani é capaz de sobreviver por pelo menos 25 dias de armazenamento no banco de sangue. Desta forma, o risco de transmissão de Leishmania sp. é importante quando portadores aparentemente saudáveis do parasita são usados como doadores, principalmente para a obtenção sangue total e concentrado de hemácias, em que células mononucleares estão presentes. TRANSMISSÃO POR OUTROS ARTRÓPODES NÃO-FLEBOTOMÍNEOS
Para investigar o possível papel de outros vetores na transmissão de tripanosomatídeos, estudos tem sido realizados com ectoparasitos removidos de cães com LVC. Coutinho et al. (2005) recentemente, descreveu a transmissão de L. chagasi por carrapatos Rhipicephalus sanguineus no Brasil.
Após a inoculação de macerados de carrapatos infectados em hamsters, foram verificados que 85,7% dos animais contraíram a doença por via peritoneal e 14,3% por via oral. Já segundo Coutinho e Linardi (2007), ao investigar o papel das pulgas Ctenocephalides felis felis na transmissão da LVC, verificaram que 1,9% das pulgas retiradas de cães com LVC apresentaram formas promastigotas em esfregaços corados pelo Giemsa, enquanto que 29,9% exibiram reação positiva pela técnica da PCR. Ainda no mesmo estudo, 16 hamsters dos 36 inoculados com macerados de pulga infectadas contraíram a infecção por Leishmania sp. Destes 16 hamsters, 68,7% tinham sido infectados por via peritoneal e 31,2% por via oral. Assim como nos carrapatos R. sanguineus, vários fatores sugerem que as pulgas podem representar agentes eficientes para a transferência natural de agentes infecciosos. Entre eles o modo de obtenção de sangue, a duração do repasto e digestão de sangue, contato com o hospedeiro e freqüência de troca de hospedeiro. CONCLUSÃO
Em conclusão, estes dados suportam a noção de que Leishmania sp. pode ser transmitida de cães naturalmente infectados para outros sadios por mecanismos alternativos, mesmo na ausência de insetos. Isto é especialmente importante em áreas endêmicas onde o tratamento e vacinação de cães contra VL são freqüentes, uma vez que, todas essas condições relatadas podem favorecer a propagação da doença. Além disso, as rotas alternativas de transmissão podem ter um impacto significativo em áreas com uma prevalência muito baixa da doença ou em condições onde um estado de erradicação poderia ser alcançado. Fonte: TECSA Laboratórios. Responsável técnico: Dr. Luiz Eduardo Ristow CRMV MG 3708 >> LEIA A SÉRIE LEISHMANIOSE CANINA]]>