Eucyon seja o ancestral mais antigo, da linhagem que deu origem ao cão doméstico. Suspeita-se que este espécime, já extinto, viveu há 5 milhões de anos e pesava em torno de 10 kg.
O ancestral mais recente do cão doméstico é o lobo e o processo evolutivo que culminou com a diferenciação entre essas duas espécies (e/ou sub-espécies?), iniciou há mais de 14.000 anos. As hipóteses para explicar a domesticação do lobo são muitas, mas, uma coisa é certa: a ação humana sobre esses animais definiu completamente seu comportamento e foi definitiva no processo de socialização. Parece que a primeira função concedida aos “canídeos socializados” foi auxiliar os seres humanos nas caçadas. Aos poucos, ao longo de anos e anos e anos, levando em conta processos seletivos e evolutivos previstos por Charles Darwin, os cães foram tornando-se guardiões de propriedades e pastoreiros de rebanho. Todos estes processos seletivos foram guiados pelo homem que, mesmo sem qualquer conhecimento de genética, selecionavam os melhores exemplares para cada função. Há, aproximadamente, 5.000 anos, foram desenvolvidas as primeiras raças: afghanhound e samoeida. E, como nós sabemos, desde então, dezenas e dezenas de outras raças, foram moldadas pela espécie humana, para atender às suas demandas.
- Spaniels (que deram origem aos cockers, springers, etc.) surgiram há, aproximadamente, 2000 anos
- Pug surgiu há, aproximadamente, 600 anos
- Maltês – Christiane Figueredo, proprietária da canil Sweet Angels, me informou que o maltês foi citado por Aristóteles – canis melitae. Existem quadros com pinturas de malteses que datam da época do Renascimento. A própria Chris já leu que a raça é de 2000a.C., 4000 a.C.. Certamente, tem mais de 1000 anos!
- Dachshund surgiu há, aproximadamente, 200 anos
- Dobermann surgiu há, aproximadamente, 100 anos
- Bulldog francês surgiu há, aproximadamente, 100 anos
Há cerca de 200 anos, os cães começaram a ter função “apenas” de companhia.
Bem, Charles Darwin se posicionou a este respeito em seu livro “On the Origin of Species“.
O papa do evolucionismo foi muito perspicaz ao observar que na natureza apenas os mais aptos reproduzem e chamou este processo de seleção natural.
Mas, ele também percebeu que nem todas as características eram adaptativas nas raças domésticas, mas selecionadas pelo homem para seu próprio benefício. Porém, estava ciente que este era um hábito inconsciente* de escolher os indivíduos com as características mais interessantes.
*para a época que vivia era inconsciente, hoje não é mais. Acredito que essa definição de Darwin elucida questões como as que já recebi muitas vezes
“Algumas coisas são estranhas. Por que uma alimentação natural e inseminação artificial? No caso, não seria interessante (sob supervisão e local adequado) uma monta natural mesmo? O cão precisa de estímulos (cheiro e a presença do macho, etc). Por que é interessante ele sentir o cheiro de comida mesmo e nao poder sentir o cheiro e fazer todo o ritual da monta… muito melhor que masturbar o cachorro para fazer a inseminação artificial. “
“Discordo do “fora do padrão”. Qualquer cachorro é fora do padrão se o padrão for um .pdf que eu resolvei criar. Por exemplo, algumas raças sequer conseguem cruzar de tão artificias e “fabricadas” por “criadores famosos” e que considero de fundo de quintal. Como uma coisa não natural é padrão?
Nesse aspecto, para a natureza, um vira-lata é mais natural que um bulldog francês, por exemplo, que, por conta própria, sequer consegue vingar a continuação da “espécie”. “
Trocando em miúdos a explicação de Charles Darwin: A seleção imposta pelos homens determinou dificuldades reprodutivas aos buldogues franceses. Eles correm o risco de entrar em hipertermia, porque a monta natural é uma atividade extenuante para eles. Além desta dificuldade reprodutiva, cadelas frenchies tem da anatomia desfavorável ao parto natural e costumam sofrer atonia uterina; a cesariana é a indicação mais segura para os partos. A opção por uma alimentação mais saudável não se relaciona com a opção pela monta e parto naturais, que no caso dos frenchies, não são mais saudáveis. Se alguém não acha isso natural, deve começar a rever todo o processo de retirada do lobo de seu habitat selvagem, porque a suposta “desnaturalização” começou lá.
Espécies domésticas, como os cães domésticos, nunca tiveram a oportunidade de viver em ambiente selvagem, porque surgiram e foram desenvolvidas pelos seres humanos, desde os primódios de sua origem. Portanto, fazer referências ao cão doméstico em ambiente selvagem é uma inadequação por si só. E, apenas fazendo uma analogia, quem é oposto à suposta “desnaturalização” deve, também, protestar contra as pesquisas que investem em reprodução humana assistida. Sabemos que o número de mulheres que tenta engravidar e não consegue, hoje em dia, é alarmante. Óbvio que, as que dispõem de recursos, recorrem a todos o métodos possíveis – aliás, mais avançados e invasivos que os da medicina veterinária. E, ainda, há aquelas que conseguem engravidar, mas que, por qualquer razão, precisam fazer o parto cesárea. Ter amansado os primeiros lobos trouxe um preço. Hoje, todas as raças caninas pagam um preço, sem nenhuma exceção. Basta estudar um pouco para descobrir. Os cães abandonados nas ruas e os cães multirraças são outro preço.
Quem quer protestar, quem é contra, quem acha que isso é contra a natureza, não deveria ter cães. A boa notícia é que, quem é contra a suposta desnaturalização, ainda pode desfrutar da companhia de adoráveis animais de estimação. Gatos, por exemplo, preservam muitas das suas características selvagens e, ainda assim, são serem sociais.]]>