essa postagem, me lembrei de uma situação bastante intrigante de quando fui comprar uma frenchie. Os e-mails deste “criador” estão guardados até hoje, sabia que seriam úteis algum dia.
Pois, ei-lo!
Prezada Dra. Camilli, Recebi, por e-mail, enviado pelo fulano, meu sócio, o contrato referente à sua intenção de adquirir um filhote de Bulldog Francês e passo a comentá-lo. Vale acrescentar que há criadores que exigem assinaturas de contratos. Como exemplo o canil xxx, onde talvez você possa obter uma cópia que eles enviam aos pretendentes a aquisição de filhotes. E no caso dele, eu acho certo para se livrar de problemas que um filhote possa vir a ter e que são imprevisíveis, mas que criadores inexperientes desconhecem por falta de informação. Nós não assinaríamos um contrato comercial, porque não somos “comerciantes”! Qualquer produto nosso, que somos “criadores”, é “cedido” a outros criadores, ou não, por valores que nem cobrem as despesas de custo, até porque animais de qualidade que temos não são medidos por “cifras”. Vale ressaltar que um filhote não é uma geladeira que tem uma finalidade específica de função prática que deve exercer para servir a quem compra uma. Um filhote é um ser vivo, em desenvolvimento que pode e é alterado pelo manuseio, pela convivência, pelo trato que continuar a receber até à fase adulta, o que impede que uma “garantia comercial” possa ser fornecida e mais importante, “cumprida”, especialmente porque a parte adquirente, em última análise, não pode ser fiscalizada pelo cedente. Pesquisar a idoneidade do criador, sua responsabilidade, a tradição e o conceito que goza no meio cinófilo, é mais importante do que “escolher” um filhote, cujo desenvolvimento individual obriga a aceitação de modificações, para melhor ou pior, que independem da interferência do criador. Ao criador cabe “presumir”, mais nada. E isto só quando for um experiente, responsável e nem tenha em seu plantel só sementais de grande qualidade e procedência selecionada e conhecida como de nível superior. E “exatamente” este é o nosso caso. Nossa família cria há mais de 50 anos cães de qualidade, tivemos a oportunidade de adquirir alguma experiência, apesar de “ainda” estarmos aprendendo.(…) E continuou falando, falando, falando…. falando das maravilhas dos seus cães, etc.Espero que você consiga outra cadelinha. Há exelentes criadores com produtos disponíveis.
Atenciosamente, Beltrano. P.S. – Acabamos de ceder um produto nosso, ao Sr. Ciclano, juiz internacional de todas as raças, na certa porque ele confia em nosso trabalho que pode ser equiparado ao dos mais conceituados criadores de todas as raças caninas no Brasil.
O Sr. Beltrano poderia falar o que quisesse, poderia apresentar muitas justificativas e, inclusive, muitas das que ele apresentou são verdadeiras. Mas, mesmo assim, toda compra e venda de cães deve ser feita com contrato, não importa se é o papa, o presidente da república ou meu vizinho, as responsabilidades e os compromissos não mudam. O fato engraçado é que, quando recebi este e-mail, ri tanto das incoerências do texto e das tentativas deste senhor tentar me ludibriar, que resolvi encaminhar o texto para uma amiga advogada, com comentários muito debochados, sugerindo que ela arquivasse em suas “pérolas do direito“!
Mas, adivinhem? Ao invés de clicar em “encaminhar“, cliquei em “responder“, sem preceber.
Pouco tempo depois, recebi um e-mail do Beltrano, ofendíssimo, dizendo que eu nunca seria uma cinófila bem sucedida! O que ele não sabia é que o sucesso – ou o fracasso – depende apenas da dedicação e do empenho da própria pessoa, naquilo que ela se propõem a fazer, não depende de mais ninguém.
E que, praga de urubu não pega.