Cátia Pampolini organizamos o nosso “acampamento cachorrófilo” ao lado de um stand que estava promovendo a doação de cães.
Os profissionais que apresentam cães – handlers – já haviam chegado um dia antes e ocupado o espaço reduzidíssimo destinado aos acampamentos, portanto, tivemos que improvisar o nosso em um lugar alternativo mesmo.
Eu me sentei bem ao lado do stand de um pet-shop e observei bastante:
– havia muitos cães filhotes (sem raça definida) disponíveis para adoção, machos e fêmeas;
– todos estavam bastante magrinhos, com as costelas bem aparentes;
– todos estavam de banho tomado e gravata ou lacinho no pescoço;
– havia uma placa no cercadinho dos filhotes dizendo que eles foram vermifugados com o medicamento X e vacinados com a vacina Y;
– nenhum deles estava castrado, segundo me informou a veterinária proprietária do stand.
Durante o dia que passei lá – das 9h da manhã até as 17h – todos os filhotes foram doados. Critérios de adoção? Nenhum.
Cheguei até a escutar: “Ah, mas se estamos levando este para o fulaninho, vamos levar outro para a beltraninha, senão ela vai ficar com ciúmes.” E lá foram buscar o brinquedo-vivo, colocaram debaixo do braço e se foram, sem nenhuma orientação especial, na verdade, sem nenhuma orientação mesmo.
Adotar é legal? Não me pareceu. E esse não é o único péssimo exemplo de adoção que conheço. Posso contar outros aqui, mais terríveis.
Adotar vai resolver o problema desses cães abandonados? Não acredito. Quem nos garante que estes cães não serão reabandonados depois que a brincadeira perder a graça? Quem nos garante que estes cães não irão acasalar, gerando mais cães abandonados por aí? Quantas não são as pessoas que fazem adoções semelhantes a essas e proclamam-se protetoras?
Adoção de cães deve ser feita com RESPONSABILIDADE, porque adoções mal feitas refletem no aumento da população canina errante.
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