(Texto traduzido de Dra. Jean Dodds, médica veterinária, referência em imunologia canina. Para ler o texto original, clique aqui)
Imagem: http://aboutpetlife.com
Notificações de casos de leptospirose aumentaram recentemente nos EUA. Consequentemente, tenho escutado preocupações advindas dos tutores de pets, referentes à vacinação de seus cães. Por isso, vamos reservar um momento para rever sobre essaa doença, as causas, os sintomas, as vacinas e as opções de tratamento. Outras questões sobre a leptospirose também serão discutidas.
O que é leptospirose?
Leptospirose é uma doença provocada por bactérias, do tipo leptospira. Existem mais de 200 cepas de leptospiras e a maioria delas não causa nenhum problema – apenas sete dessas cepas são consideradas clinicamente importantes para os cães.
Como a leptospirose é transmitida?
Quando a pele ou as mucosas do cão saudável entram em contato com fluidos corporais contaminados (urina, sangue, tecidos, etc., exceto saliva), a leptospira é transmitida. Mais frequentemente, cães adquirem a doença por farejar ou andar sobre a água, o solo ou os alimentos contaminados. Eles também podem adquirir a doença dormindo em locais contaminados com secreções de animais contaminados ou comendo as carnes/carcaças de animais portadores ou contaminados com a doença. Raramente a leptospirose é transmitida através do contato sexual ou via placentária. Guaxinins, raposas, esquilos, gambás e ratos são considerados os portadores mais comuns e podem secretar a bactéria durante muitos anos.
Na maior parte das vezes, é uma doença mais comum em regiões de clima quente, com médias altas de temperaturas anuais. Grandes volumes de chuva não são necessariamente um problema, mas regiões inundadas, com lama encharcada e grandes alagamentos costumam estar relacionados à transmissão da doença – como parecem ser os recentes casos que ocorreram na Califórnia (5 em São Francisco) e nos entornos da Filadélfia. Essas regiões sofreram impacto pelas mudanças climáticas e pelo desenvolvimento residencial em antigas áreas rurais.
Adicionalmente, a leptospirose é uma zoonose – transmitida dos animais para humanos. Se o cão é diagnosticado com leptospirose, humanos devem usar luvas de borracha para manusear o cão, desinfetar áreas contaminadas pela urina desse cão e não devem ter contato próximo com o cão até que o tratamento esteja completo.
Sintomas
  • Febre
  • Tremores
  • Sensibilidade muscular
  • Letargia
  • Aumento da sede
  • Alterações na frequência ou quantidade de micção
  • Desidratação
  • Vômito
  • Diarréia
  • Perda de apetite
  • Icterícia
  • Inflamação dos olhos

Se o diagnóstico for tardio, falência renal e hepática podem acontecer. Raramente, doenças pulmonares e desordens sanguíneas acontecem.
Diagnóstico
A ferramenta diagnóstica laboratorial mais comumente utilizada é o teste por aglutinação. Também é possível detecar o DNA da bactéria, no sangue ou na urina, através de exames moleculares, como a PCR. 
Tratamento
O tratamento é efetivo e inclui utilização de antibióticos. O diagnóstico tardio da doença pode exigir terapia intensiva.
Vacina
Existe vacinação contra a leptospirose, porém ela cobre apenas quatro cepas das sete patogênicas: L. canicola, L. icterohaemorrhagiae, L. grippotyphosa e L. pomona.
O protocolo vacinal contra leptospirose determina uma dose inicial e um reforço 03 (três) semanas depois. Essa vacina precisa ser refeita anualmente (1 dose) para que o efeito protetor seja mantido. Se o reforço anual é perdido, o cão precisa reiniciar o protocolo com duas doses intervaladas. Entretanto, tenha em mente que essa vacina é aquela que está mais comumente associada ao desenvolvimento de reações adversas agudas e crônicas. Portanto, o risco de exposição à doença versus as reações adversas dessa vacina devem ser levadas em conta.
Discussão
Leptospirose é uma doença rara em animais de companhia. Infelizmente, cães infectados podem morrer de leptospirose se não tratados a tempo.
As duas questões mais frequentes sobre essa doença são:

  1. Meu cão foi vacinado contra leptospirose, mas, ainda assim, desenvolveu a doença. Por quê?
  2. Leptospirose foi confirmada em minha região. Devo vacinar meu cão?

Se o seu cão foi vacinado e, ainda assim, desenvolveu a doença, as prováveis razões são:
  • Foi utilizado protocolo vacinal errado;
  • A cepa da leptospira que provocou a doença não era coberta pela vacina (causa mais comum);
  • A vacina é apenas 60-80% efetiva contra a doença (segundo pesquisas do Dr. Ronald Schultz);
  • O diagnóstico foi incorreto.

Sempre que escuto sobre “casos confirmados”, a primeira questão que vem a minha mente é: “Quais foram as ferramentas diagnósticas utilizadas para que chegassem a essa conclusão?”. Na maioria das vezes, apenas o teste por aglutinação é feito. Entretanto, enquanto esse teste é considerado por alguns como um “teste de ouro”, sabemos que há enormes chances de ele acusar “falsos positivos”. Além disso, os verdadeiros casos clínicos de leptospirose só podem ser confirmados, utilizando os testes por aglutinação, quando a doença está em curso há três a quatro semanas. Infelizmente, esse é um prazo muito longo para que seja feito o diagnóstico e o tratamento seja iniciado – a Dra. Katharine Lunn do estado da Carolina do Norte afirma que o teste por aglutinação não prevê com segurança a cepa infectante.
Os testes de DNA-PCR também têm suas desvantagens, mas quando usados em combinação com o teste de aglutinação, pode oferecer um diagnóstico mais preciso. Os resultados de todos os testes de diagnóstico devem ser interpretados em conjunto com a história de vacinação do cão, sinais clínicos e achados clínico-patológicos.
Em essência, poderemos estar tirando conclusões precipitadas e tratando a doença errada, com os medicamentes errados.
Quando a notícia de casos é feita pela mídia, muitos tutores consideram vacinar seus cães. Entretanto, novamente dizemos que a vacina não é altamente efetiva e pode não cobrir as cepas contaminantes da região. A única forma de saber se qual é a cepa envolvida é fazendo o teste laboratorial. Por isso, você deve entrar em contato com a secretaria de saúde da sua região  e perguntar qual é a cepa infectante que está cansando a doença nos animais contaminados. Observação: a maioria dos estados não testa a água ou o solo para a leptospirose, porque, obviamente, não consideram isso clinicamente significante ou um problema potencial à saúde.
Adicionalmente, de todas as vacinas disponíveis no mercado, Dr. Schultz afirma que a contra leptospirose é a vacina que mais causa reações adversas, como hipersensibilidade do tipo 1, perda de pelos ou letargia.
No caso de um surto confirmado em sua região e com a preocupação sobre a portencial contaminação do seu animal de estimação, a prevenção é a melhor política. Mantenha seu cão longe da água parada, longe dos córregos de movimento lento, da lama molhada e das poças. Além disso, esteja atento a qualquer sintoma inicial que possa sugerir contaminação do seu cão e, caso desconfie da doença, faça a verificação laboratorial completa (teste de aglutinação + PCR).
W. Jean Dodds, DVM
11561 Salinaz Avenue
Garden Grove, CA 92843

Referências bibliográficas:
Dodds, W. Jean, DVM. “Snapshot of Leptospirosis Strains & Vaccine.” Dr. Jean Dodds’ Pet Health Resource. N.p., 19 July 2015. Web. 05 Mar. 2017. http://drjeandoddspethealthresource.tumblr.com/post/124510474596/leptospirosis-vaccine#.WLbr-_krLIV.
Lunn, Katharine, PhD. “Leptospirosis in Dogs.” Merck Veterinary Manual, n.d. Web. 05 Mar. 2017. http://www.merckvetmanual.com/generalized-conditions/leptospirosis/leptospirosis-in-dogs.
Schultz, Ronald, PhD, and Karen Becker, DVM. “The Pets Most Likely to Suffer from Vaccine Adverse Reactions.” Healthy Pets. Mercola, 08 Nov. 2013. Web. 05 Mar. 2017. http://healthypets.mercola.com/sites/healthypets/archive/2013/11/08/rattlesnake-vaccine.aspx.
Schultz, Ronald, PhD. “Update on Leptospirosis Vaccines.” Dr. Jean Dodds’ Pet Health Resource, 29 May 2013. Web. 05 Mar. 2017.

 

 

 

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CAMILLI CHAMONE

Pós-graduada em Genética e Biologia Molecular. Foi professora universitária federal de Biologia Celular e Genética. Criou buldogues franceses. Foi membro efetivo do Conselho Disciplinar do Kennel Clube de Belo Horizonte. Foi Diretora da Federação Mineira de Cinofilia. É editora do "Seu Buldogue Francês", o maior blog do mundo sobre buldogues franceses, e de todas as mídias sociais que levam esse nome. É palestrante e consultora sobre bem-estar e comportamento canino. Além disso tudo, é perdida e irremediavelmente apaixonada por frenchies.

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