Paradigma – (s.m.) Modelo, padrão, norma; exemplo.
Como eu já disse antes, romper paradigmas não é fácil.
Minha avó, nunca misturou manga com leite. Tinha certeza que essa mistura era fatal.
Minha mãe criou a mim e meus irmãos, assim como criei meus filhos, dormindo de lado ou barriguinha para baixo. Agora, os pediatras mandam que os bebês durmam de barriga para cima – posição totalmente proibida antigamente.
Há algum tempo, os artigos científicos mostram fartamente que as vacinas que imunizam contra doenças viróticas em cães (parvovirose, cinomose, raiva, etc.) produzem efeito por, pelo menos, 03 (três) anos. Muitas questões estão sendo levantadas sobre os efeitos maléficos da hipervacinação. Entretanto, muitos médicos veterinários insistem em resistir aos resultados das pesquisas e continuam prescrevendo a vacinação anual dos pets.
Achei muito interessante este post do site Cachorro Verde, que aborda exatamente as questões que escuto da maioria dos veterinários.
Aproveitem um dos melhores posts sobre vacinação consciente que já li até hoje!
February 11th, 2010 at 12:21 am
As doenças infecciosas prevenidas pela vacina múltipla (cinomose, parvo, ect) têm uma incidência bem diferente aqui no Brasil e os EUA, onde os artigos de supervacinação foram escritos.
Realmente, o Ettinger recomenda a vacinação a cada 2 anos, mas, onde ele tem clínica a cinomose e a parvovirose (só exemplos) não são endêmicas, você arriscaria?
E acerca da proteção vacinal fraca contra as leptospiras, expirando em 6 meses, você é a favor da revacinação a cada 6 meses?
Obrigada
February 12th, 2010 at 9:02 am
Oi Alice, Essa discussão realmente é polêmica. É verdade que essas doenças (cinomose, parvovirose, etc) têm maior incidência aqui no Brasil em relação aos Estados Unidos. Mas isso ocorre porque temos menos cães vacinados, e não porque vacinamos com menor frequência (o que aliás, não acontece). Não sou contra a vacinação. Sou contra o que considero um exagero vacinal. Qual é o perfil geral de cães acometidos por cinomose, adenovirose e parvovirose? Filhotes e jovens que não receberam uma correta série inicial de vacinas, ou que receberam vacinas não-idôneas ou mal conservadas, mal aplicadas. É possível que cães adultos e idosos as contraiam? Sim. Mas quão provável é essa infecção em se tratando de animais adultos bem alimentados e bem cuidados, que tenham recebido uma série bem feita de vacinas de filhotes e alguns reforços? Pouco provável. Se os dados da literatura nos indicam que: a-) a soroconversão dessas vacinas virais é considerada de ótima a excelente, e b-) que se tratam de doenças que muito mais comumente acometem animais jovens, não vejo porque devemos vaciná-los anualmente. Os reforços anuais não são cumulativos. Onde na literatura está escrito que as soroconversões virais oferecem proteção por um máximo de um ano? Será mesmo que uma boa série inicial de filhote e reforços a cada três anos – note: muito mais freqüentes do que o que se pratica em Medicina Humana – não sejam suficientes para conferir imunidade? Estudos estão mostrando que sim. Alguns deles, como é o caso dessa pesquisa com a (inativada) vacina anti-rábica, apontam um período de proteção superior a três anos. (A propósito, a própria Fort Dodge não indica a re-vacinação anual contra raiva: “Em áreas de alta incidência, revacinar anualmente.”) Imagine então a duração protetora de vacinas com vírus vivos modificados! A obrigatoriedade da vacina anual contra a raiva mostra como a recomendação de re-vacinar os pets nada têm a ver com a “pressão de infecção”. Sabe-se que a raiva é uma das doenças melhor controladas no mundo. A casuística é bastante baixa e limitada a áreas rurais/silvestres. E mesmo assim re-vacinamos nossos pets urbanos – incluindo-se aí, felinos confinados em apartamentos – anualmente contra a raiva. A lei me obriga a vacinar meus pets. Mas o bom-senso me diz que isso é um exagero. Em alguns bairros de São Paulo, cidade onde moro, a incidência de parvovirose ou cinomose é baixíssima. Adenovirose, então, a maioria dos clínicos que conheço sequer atendeu. Seus pacientes, em geral, são cães e gatos bem nutridos e bem cuidados, mantidos em locais limpos e protegidos. Grande parte vive em apartamentos, muitos deles – caso dos gatos – sem qualquer acesso à rua. Por que esses animais devem ser submetidos a reforços anuais massificados? Por que não praticar reforços mais espaçados e individualizados? Essa é uma das convenções que questiono. Já existem marcas renomadas em nosso mercado cujas vacinas permitem uma certa customização. Veja, volto a repetir: de modo algum me coloco contra a vacinação. Acho imprescindível vacinar os pets. Critico o que considero um exagero, visto que não há argumentos científicos que justifiquem os reforços anuais contra parvovirose, cinomose e adenovirose. Todos os meus cães e gatos são vacinados. Mas procuro vaciná-los conforme os riscos que correm. Meus pets não freqüentam rios, pântanos, regiões alagadiças em geral. Dormem em local seco e protegido. À noite, suas vasilhas de água são retiradas. E diariamente, são lavadas. Por que devo vaciná-los contra leptospirose? Teoricamente, eles correm o mesmo risco que eu: só vão pegar lepto se um rato urinar na nossa caixa d´água. A vacina contra leptospirose é notadamente uma das mais alergênicas e menos duradouras (vacinas com bacterinas realmente são menos imunogênicas), o que exige a re-aplicação a cada 6 meses, conforme você apontou. Em minha opinião, é preciso haver motivos que justifiquem a aplicação semestral dessa vacina. Se o cão é freqüentemente exposto a essa doença, é incontestavelmente interessante que ele receba o reforço semestral. De preferência, com produto que contenha somente as leptospiras. (Me parece desnecessário inocular o cão com 10 antígenos semestralmente quando apenas 4 são de interesse.) Em relação ao “você arriscaria?” perguntado por você, minha resposta é: não estou arriscando. Pelo contrário. Vacinar a cada três anos e individualizar o protocolo me parece mais razoável do que re-vacinar anualmente adotando uma conduta única. Estudos estão mostrando que as imunizações não são inócuas. Vacinar com uma periodicidade menor reduz os riscos de malefícios crônicos e auto-imunes associados à vacinação excessiva. E isso, a meu ver, é a questão mais importante por trás desse assunto. Obrigada por visitar o Cachorro Verde!
Sylvia Angélico – editora do site